Laurentino Dias concordou ontem, quinta-feira, com a decisão da Autoridade Antidopagem de Portugal em suspender Carlos Queiroz por seis meses e, de forma indirecta, apontou o dedo à Federação Portuguesa de Futebol, exortando Gilberto Madail a tomar decisões no que diz respeito ao seleccionador. <br />
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O secretário de Estado do Desporto cumpriu com o prometido e tornou ontem público todo o processo que esteve na base da suspensão de seis meses a Carlos Queiroz decretada pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP). O governante esclareceu depois que concorda inteiramente com a decisão da AdoP, por considerar que "houve perturbação do controlo antidoping", na Covilhã.
O governante recusou-se a dar a sua opinião sobre se Carlos Queiroz tem condições para continuar como seleccionador nacional ou se deve ser despedido, mas salientou que as decisões da ADoP não têm peso nas relações contratuais.
No entanto, não deixou passar a ocasião para apontar o dedo à FPF e, concretamente, a Gilberto Madail, pressionando para a tomada de decisões.
"O que espero da FPF e do seu presidente é que estejam à altura das suas responsabilidades. E que no exercício das suas funções garantam transparência, credibilidade, dignidade, e que tomem decisões que entendem ser as melhores para o futebol português. Decisões que só a eles competem e não a mim, mas que tomem decisões. A boa liderança, responsável, faz-se com tomada de decisões, não com o accionar de um piloto automático, seja a liderança das federações ou selecções", concluiu.
Sobre o processo da ADoP, o governante salientou que se as declarações dos médicos da federação, duas das três pessoas cujos depoimentos foram ouvidos, tivessem contrariado as dos médicos da AdoP, a decisão de não arquivar o processo teria sido diferente.
Além deste facto, Laurentino Dias esclareceu que o controlo foi feito às 8 horas "porque é sempre feito a essa hora e sempre no hotel da concentração antes da participação numa grande prova internacional".
O responsável referiu-se de forma elogiosa ao trabalho efectuado pelos médicos da ADoP e diz que é ridícula a ideia de uma justiça governamental aventada por Queiroz.
"A ADoP é uma autoridade pública, que tal como a PSP, GNR, outras organizações, exerce na sua missão funções de fiscalização. A ideia de justiça governamental é uma tentativa sem êxito de procurar desviar as atenções da questão fundamental. Há apenas aplicação e fiscalização do cumprimento da lei. Quando a PSP ou GNR nos interpelam a propósito do consumo de álcool estão a executar justiça governamental ou a cumprir a lei? Quando a ASAE visita feiras está a executar justiça governamental? Não há justiça governamental, há justiça. Só", frisou.