Leixões e Flamengo estão em negociações avançadas para a conclusão do negócio, que irá permitir ao gigante do Brasil ficar com a maior participação da SAD
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A maré está crispada em Matosinhos. Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, confirmou, recentemente, que existem negociações avançadas para a compra do centenário Leixões, ficando apenas a faltar a aprovação do Conselho Deliberativo.
A revelação causou alguma divisão entre os adeptos leixonenses, que têm, naturalmente, orgulho nas raízes e na mística que impera no Estádio do Mar, onde milhares de "bebés" despontam para o futebol. Para além das outras modalidades históricas do clube, como o voleibol e a natação.
A operação cria receios e tem agitado as redes sociais, mas o JN sentiu o pulso a antigos jogadores e dirigentes, e a conclusão é óbvia: desde que fique salvaguardada a identidade e mística do Leixões, todos os parceiros são bem-vindos, ainda para mais tratando-se de um clube como o Flamengo, um dos maiores do futebol brasileiro, com uma legião de adeptos espalhados pelo mundo.
José Manuel Teixeira, o primeiro presidente da SAD do Leixões, um dos históricos do clube como jogador, treinador e dirigente, tendo conduzido o emblema do Mar à final da Taça de Portugal, em 2001/02, é taxativo: "O Flamengo é um parceiro fortíssimo, que pode galvanizar o clube para outro patamar. Desde que hajam capitais e se perceba a dimensão do Leixões, concordo que a SAD tenha parceiros com a dimensão do Flamengo. A Liga 2 requer muito investimento e a administração do André Castro tem feito um trabalho notável. Os adeptos gostam muito do Leixões, mas é necessário ser realista. Para voltar a existir um grande Leixões, precisámos de um parceiro forte, sem dinheiro não há hipóteses. Se estivesse no lugar do presidente da SAD, faria o mesmo e estou de acordo com a entrada do Flamengo, desde que as coisas sejam bem estruturadas. A Direção do clube deveria estar junta no projeto".
O antigo capitão Nuno Silva, que defendeu as cores rubro-brancas durante 14 épocas, sempre com um nível elevado, continua a ser uma referência entre os adeptos e apela à serenidade. "É necessário perceber os moldes em que o negócio será feito. Se o Flamengo avançar para a compra, o Leixões irá beneficiar do poder financeiro e da dimensão de um dos maiores clubes do Mundo. Nos últimos anos, o Leixões tem passado por situações financeiras delicadas, bem como condições de treino deficitárias, e isso acabaria. Após a compra do Complexo Desportivo de Fão, a equipa passou a ter condições de treino fabulosas. O Leixões tem uma história e massa adepta ímpares em Portugal e isso, naturalmente, não pode ser esquecido. Se for mantida a identidade, pode ser algo muito bom para o clube e a cidade".
O campeão do Mundo em Riade, Tozé, junta-se às vozes de confiança, num futuro com melhores argumentos para o "Velhinho do Mar". "O futebol tem evoluído ao longo dos últimos anos e tem sido notório o investimento externo, o que já aconteceu no Leixões. É fundamental que nunca se perca a identidade e essência dos clubes, ainda para mais no Leixões, um clube com raízes, história e adeptos apaixonados. Agora, sabemos que sem investimento é difícil competir ao mais alto nível. A eventual entrada de um investidor, neste caso do Flamengo, seria interessantíssima, pois é um clube de referência mundial. Com o poder económico do Flamengo, penso que o Leixões teria muito a ganhar, pois teria condições para voltar a pensar em chegar à liga principal, que é o lugar do Leixões".
Teófilo Rodrigues, antiga glória do clube, pede aos sócios do Leixões para se manterem unidos: " Devemos aguardar pela sessão de esclarecimento do presidente da SAD, André Castro [segunda-feira, às 20.30 horas, no auditório da Escola EB 2,3 de Matosinhos]. Aí, saberemos em concreto o que vai acontecer. Já passaram outros administradores pelo Leixões e o importante é que se mantenha a identidade do Leixões, os ideais e que os adeptos sejam respeitados".