O campeonato português tem sido marcado pelo crescimento do número de faltas e pela diminuição do tempo útil de jogo. Comparando os dados nacionais com os das cinco maiores ligas, só na espanhola a média de infrações é superior. Somos os "reis" nos cartões amarelos.
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Cumprido o primeiro terço (11 jornadas), a Liga lusa é a segunda das seis principais europeias com a maior média de faltas (165) por equipa - a média por jogo é de 30. Este número só é superado pelo campeonato espanhol, com uma média de 167 faltas, concluiu o JN, após analisar os dados da plataforma InStat. A seguir, surgem Itália (164), França (151), Alemanha (133) e Inglaterra (111). Ou seja, os três campeonatos latinos são os mais faltosos.
Não é só no campo das infrações que Portugal está no topo da Europa. É também a Liga que tem a maior média de cartões amarelos (34) exibidos por equipa. No segundo lugar, está a Espanha (32).
Domingos Paciência, treinador de futebol, considera que os árbitros "apitam demasiadas faltas e são poucos aqueles que deixam o jogo seguir". "Os jogadores conhecem os árbitros e faz parte da cultura deles caírem mais facilmente. Como sabem que os árbitros vão assinalar falta, tiram partido disso", referiu ao JN. O antigo técnico do Braga e do Sporting explica que este fator contribui para o antijogo e prejudica o tempo útil.
Paulo Pereira, antigo árbitro, diz que o facto dos juízes apitarem com mais facilidade se deve ao método de classificação do desempenho em Portugal. "Um avaliador penaliza mais rapidamente uma falta por erro do que por excesso. Ou seja, os árbitros preferem apitar mais faltas do que deixar passar alguma que possa ser uma decisão errada", disse, ao JN. "Para além do observador de campo, existe também um avaliador pela televisão, que, por vezes, não entende uma decisão, como, por exemplo, um cartão, por não estar presente no jogo. Esta dupla avaliação condiciona a ação dos árbitros, que preferem ter uma melhor classificação do que deixar que o jogo seja fluído".
Um estudo publicado em março pela Liga Portugal, referente à época 2019/20, revelou que o campeonato nacional é aquele que tem menor percentagem de tempo útil de jogo (52%), comparativamente com as principais ligas europeias. É ainda o campeonato com o maior número de paragens na Europa. Excluindo as substituições, Portugal tem uma média de 110 paragens por jogo. O número de faltas ajuda muito a explicar estes números.
Quarto campeonato com mais penáltis
No primeiro terço do campeonato português foram assinaladas 31 grandes penalidades, sendo que cada equipa tem, em média, 1,72 penáltis atribuídos. Estes dados são ultrapassados por Itália (2,8), Espanha (2,3) e França (1,95), o que coloca Portugal no quarto lugar desta lista. Na Liga portuguesa, o Tondela é a equipa com mais penáltis assinalados a favor (5), sendo que três deles foram na última partida, frente ao Marítimo, seguido pelo Moreirense (4). Nas cinco principais ligas europeias, o Nápoles é a equipa que beneficiou de mais grandes penalidades (7).
Nas 11 jornadas disputadas até ao momento na liga portuguesa, há três equipas que ainda não tiveram grandes penalidades assinaladas a favor. Benfica, Sporting de Braga e Belenenses SAD continuam sem rematar da marca dos onze metros.
Vermelhos enchem a Liga
No seguimento das advertências, o campeonato português é o segundo com a média mais alta de cartões vermelhos por equipa (1,61), só ultrapassado pela Liga francesa (1,80). Seguem-se a espanhola (1,55), a italiana (1,45), a inglesa (0,8) e a alemã (0,72).