Luisão despediu-se, esta terça-feira, do Benfica e dos relvados. Jogadores e família estiveram presentes na cerimónia que relembrou todas as conquistas do capitão encarnado.
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Com a camisola quatro como pano de fundo, todos os troféus conquistados e o relvado cheio de caras bem conhecidas. Foi assim que Luisão se despediu dos relvados e de uma casa que o acolheu em agosto de 2003. Antes de dar a palavra a Luisão, foi Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, quem fez as honras da casa.
"É um dia muito especial. Recordo com nostalgia o dia em que no velhinho Estádio da Luz conheci um rapaz franzino no corpo mas um grande homem. Agora, olho para um profissional feliz que se despede com orgulho. Se há 15 anos te dei as boas-vindas, agora digo-te muito obrigado! É o jogador com mais títulos do clube. Não é o fim mas o princípio de uma nova etapa que vais cumprir com determinação. Tens o símbolo não na camisola mas no coração. És o meu companheiro de viagem. A tua e a minha estão longe de terminar", disse o líder do Benfica.
Após 15 anos de águia ao peito, chegou a hora da despedida. E de recordar os melhores e piores momentos.
"Acho que o pior momento foi quando, em campo, defendi os meus companheiros quando as bancadas não nos estavam a apoiar. Houve determinados jogos que dentro de campo procurei defender. O adepto ficou chateado comigo mas, depois, voltou ao normal. Os melhores momentos foram dois: O famoso golo que nos deu a possibilidade de conquistar o título [em 2005, frente ao Sporting], e que ainda hoje é bastante polémico, e quando parti o braço. Achei que a minha carreira tinha morrido mas, para minha alegria, tive pessoas que apostaram a mim e a minha carreira renasceu", disse já no palco, considerando que a falta de um título internacional é uma mágoa que vai levar para sempre.
"Confesso que, por estes dias, refleti muito sobre a minha carreira. Seria hipócrita se dissesse que chegava este dia e esperava ver tudo assim. Muitas vezes, quando era pequeno, a minha família teve que me tirar de casa às 3 da manhã porque não conseguia respirar, com bronquite. Nunca poderia imaginar que ia estar aqui, no centro do relvado, num dos maiores e mais bonitos estádios do mundo. Seria hipócrita se dissesse que imaginava tudo isto. Faltou uma conquista internacional pelo Benfica. É uma das coisas que vou lamentar para o resto da minha vida".
A decisão está tomada. E o capitão, que deverá ter um cargo nas relações internacionais, fez questão de explicar o abandono aos relvados.
"Quando comecei aqui as críticas foram tantas... Às vezes estava lesionado... Uma vez vim treinar e acabei a chorar, a dizer que ia voltar ao Brasil, que não aguentava a pressão. A partir desse dia, meti na cabeça que ia fazer história neste clube. Cargo nas relações internacionais? Tudo está encaminhado para isso. O que me fez antecipar a decisão foi que a minha história foi escrita em 520 e tal jogos. Com cinco anos, eu tocava na bola com o meu pai. A minha história foi escrita desde a Juventus, desde o Cruzeiro... Cheguei à conclusão de que estava na hora de dar o meu contributo fora de campo para a reconquista", concluiu.
Terminado o discurso, foi tempo dos abraços de toda a família. 20 títulos, 538 jogos e 47 golos depois pelo Benfica, Luisão passa, agora, a apoiar e a ajudar na tão desejada reconquista pedida pelos encarnados. Fora dos relvados.