Bradley Lawery tem cinco anos e dedica-se a bater o pé a um neuroblastoma terminal de mão dada com Jermaine Defoe.
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Numa das últimas noites deste inverno com manias polares, Jermaine Defoe, internacional inglês e com uma carreira já gasta pelo mediatismo da bola, trocou o conforto no ninho caseiro por uma cama hospitalar na ala de oncologia infantil. E o que foi pensado para ser uma simples, mas significativa, visita de cortesia, transformou-se num novo episódio de afeto a transbordar de solidariedade e admiração por um bravo rapaz que tem visto a vida correr-lhe frenética e, dizem os entendidos, fatalmente à custa de um cancro de nome neuroblastoma.
Bradley Lawery, assim se chama, só conta cinco anos, mas tem dedicado mais de metade da curta existência à heroica missão de trocar as voltas aos prognósticos médicos e de dar que fazer à impiedade cancerígena. Primeiro, fê-lo na intimidade familiar, mas ultimamente tem reunido aliados de peso. Uns atolados de atenção desmedida, outros resguardados no anonimato, mas todos sensibilizados pela crueldade celestial, injustamente empenhada numa luta desigual.
Foi a 7 de janeiro de 2013 que o cancro se meteu com Bradley. O duelo perdura, depois de, pelo meio, a doença até ter dado sinais de desistir e resignar-se à insolência infantil, própria de quem tem na ignorância medicinal o principal aliado. Só que o neuroblastoma reapareceu com mais força do que nunca, corria julho de 2016.
No meio do desespero de quem precisa de incontáveis milhares de euros para, pelo menos, recuperar a esperança da cura, os pais de Brad viram no futebol e no fanatismo do herdeiro pelo Sunderland a porta para encher o coração do filho enquanto aquilo que já é medicamente tido como certeza não se concretiza. Ao Sunderland, seguiu-se o Everton, que doou 200 mil euros para a família Lawery, e a corrente de solidariedade futebolística logo de propagou.
O Chelsea e Diego Costa, o Manchester City e Guardiola, canais de televisão, John Terry, Alan Shearer, Robbie Fowler, antigos e atuais craques... E principalmente Jermaine Defoe, o ídolo de Bradley e o rosto de toda uma campanha orquestrada em favor do menino de Blackhall Colliery que elegeu o corredor da morte para dar lições de vida. Foi de Bradley o melhor golo de dezembro da Premier League, mas todos esperam que não tenha sido o último.