Serviços de bruxaria supostamente requisitados pelo Benfica ao Dr. Nhaga, da Guiné, relembram o horror dos cerimoniais satânicos no desporto-rei em África, frequentemente feitos com o sacrifício de animais e de... crianças albinas! Um mundo de violência que apavora a FIFA.
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Os alhos de Oliveira, a Caravaca de Scolari, as velas, as galinhas pretas, as rezas impronunciáveis e insondáveis e tantos outros exemplos, mais ou menos despudorados, entre o misticismo e o charlatanismo new age do futebol. Pior é quando tudo resvala para rituais hardcore, violentíssimos, como sucede na África subsariana, onde, ao que consta, o Benfica encomendou boas venturas próprias e todas as desgraças para os rivais. Viagem a este mundo nada secreto, sangrento, de rituais satânicos frequentemente feitos com sacrifício de animais e de... crianças albinas!
À beira desta práticas sanguinárias, o puro fétiche, criado num mundo de preconceitos e de superstições, entre o temor e a ingnorância, são costumes quase inofensivos, da alegoria da própria bola. Ele é o treinador que manda sair toda a equipa quando o autocarro tem de andar de marcha-atrás ou aqueloutro, como Jorge Jesus, que passou anos no banco do Felgueiras e do Estrela da Amadora com a mesma camisa preta da sorte. Tudo mais crendice do que crença nestas mezinhas da feitiçaria light, para esconjura de superstições e de demónios imaginários, que a própria ideia de sorte e azar do jogo ajudou a criar e a aceitar com toda a candura.
Astrólogos, adivinhos, cartomantes e todo o género de videntes e exorcistas mais ou menos qualificados e encartados também viram na bola uma nicho de negócio. E foi assim que o futebol se encheu de histórias, todas elas inverosímeis, destes protagonistas, magos do oculto, supostamente capazes de interferir, para o bem ou para o mal, nos destinos da bola.
De Zandinga a Mestre Alves, de Alexandrino ao Bruxo de Fafe, o futebol português também sempre ouviu falar destes doutores em ciências do sobrenatural, envergonhadamente requisitados pelos clubes, o que até deu uma certa dimensão folclórica ao fenómeno.
O caso muda de figura e perde toda a benevolência quando transcende estas benzeduras inofensivas, de magia dita branca, contra maus génios imaginários, e transita para rituais da mais pura e dura magia negra, que frequentemente deixam um rasto de grande violência, a coberto de tradições seculares. Não será o caso do dr. Nhaga, que, pelo visto, até exerce em Lisboa, embora com procuração do mano polícia em Bissau. O problema é que as macumbas africanas como a supostamente encomendada ao benzedeiro da Guiné, para limpeza astral de uns e mau-olhado a outros, remetem para um grave problema, que vai muito para lá do futebol. É que, como em toda a África Ocidental, também na Guiné estas práticas ancestrais - culturais, como se reclamam - são frequentemente apontadas como banhos de sangue, o de animais sacrificados e, pior, muito pior, o de crianças albinas, cruelmente mutiladas, vítimas das crenças populares e do pérfido mercado do tráfico de órgãos e de "poções mágicas".
A ONU e a Unicef não se cansam de denunciar este mundo medieval. A FIFA também já se rebelou e a própria Confederação Africana de Futebol já obrigou as federações filiadas a legislar pela proibição do que em grande parte do continente é visto como um mero ato cultural. Em vão, porque o futebol e o flagelo da macumba são faces da mesma moeda africana. O mesmo se passa do outro lado do Atlântico, designadamente no Brasil, onde as associações de defesa dos animais não se cansam de denunciar esta práticas diabólicas.
Vistas da Europa racionalista e do Minho positivista, as influências malvadas deste mundo transcendente ofendem o próprio Bruxo de Fafe. "Já tinha ouvido falar desses coisas horrorosas. Mas isso não tem nada a ver com bruxaria. Isso são coisas de Satanás", observa o exorcista e médium, minhoto de Guimarães, sócio e adepto ferrenho do Vitória, a quem, um dia, em 2006, não conseguiu salvar da descida de divisão, apesar de ter intercedido pelo clube junto de todas as entidades do sobrenatural.