"Não tinha o direito a estar aqui". Manifestantes contestam equipa israelita na Volta
Algumas dezenas de manifestantes concentraram-se, este domingo, junto à meta da Volta a Portugal, em Lisboa, para contestar a participação de uma equipa israelita, afirmando que "não há lugar para o genocídio no ciclismo".
Corpo do artigo
Empunhando bandeiras da Palestina e cartazes e envergando "keffyehs", os tradicionais lenços palestinianos, os manifestantes gritavam "Free Palestine" (Palestina livre) à passagem dos ciclistas.
O protesto foi convocado por várias organizações, incluindo o Comité de Solidariedade com a Palestina e o MPPM - Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente.
Lara Aladina, da organização Ações pela Palestina, considerou, em declarações à Lusa, que a equipa israelita "não tinha o direito a estar aqui". A ativista denunciou o "extermínio do povo da Palestina", afirmando que "um dos elementos da equipa é a favor, diz que deviam acabar com Gaza".
"É uma vergonha. Não se deve permitir isto, é um exemplo mau para a nossa juventude", reclamou.
A representante afirmou que organizações de defesa da Palestina contestaram junto da organização da prova de ciclismo e da Câmara de Lisboa, mas a resposta foi "o silêncio, que é uma coisa comum".

Foto: ANTONIO PEDRO SANTOS/EPA

Foto: ANTONIO PEDRO SANTOS/EPA
Outra manifestante, Ana Rita Tereso, do Global Movement to Gaza, quis mostrar que está contra que "defensores de genocídio possam participar em competições desportivas".
"Se deixamos israelitas participarem, então teremos que deixar outras equipas de outros países, como a Rússia, a Coreia do Norte, porque pelos vistos um genocídio na Palestina não é igual a um genocídio na Ucrânia", criticou.
"Não há espaço na Volta a Portugal para uma equipa que defende o genocídio", afirmou.
A manifestante empunhava um cartaz com as fotografias de seis jornalistas palestinianos, a maioria correspondentes da cadeia catari Al Jazeera, mortos na semana passada num ataque direcionado de Israel.

Foto: ANTONIO PEDRO SANTOS/EPA

Foto: ANTONIO PEDRO SANTOS/EPA
Fernando Alle aderiu de forma espontânea ao protesto, do qual soube, juntamente com a namorada, através das redes sociais, para defender que "Israel tem que ser completamente ostracizada de eventos desportivos, culturais e artísticos", à semelhança do que aconteceu com a Rússia desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
"Quem acha que não há um genocídio [em Gaza] ou anda muito mal informado ou tem maldade no seu coração. É impossível ver aquelas imagens de crianças inocentes a morrer à fome", disse.
O manifestante contestou o argumento de que a ofensiva israelita no enclave palestiniano seja "importante para eliminar" o movimento islamita palestiniano Hamas.
"Então, se houver um comandante do Hamas em Lisboa, é terraplanar Lisboa toda?", perguntou.

Foto: ANTONIO PEDRO SANTOS/EPA

Foto: ANTONIO PEDRO SANTOS/EPA
