<p>José Mota e Manuel Tulipa conheceram-se no plantel do Paços de Ferreira 1992/93, no qual o capitão Mota mandava "correr" o miúdo Tulipa. Mais de uma década e meia depois, são adversários - e amigos - na Liga e, em comum, têm o facto de terem vencido Sporting e Benfica esta época, respectivamente. O treinador do Leixões, mais experiente, é um verdadeiro domador de leões - cinco vitórias, dois empates e seis derrotas contra o Sporting -, enquanto no Trofense trabalha o mais jovem técnico do campeonato, que venceu o primeiro jogo que disputou contra um grande. Mota e Tulipa fizeram, na redacção do JN e em conjunto, a antevisão da final de hoje. </p>
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Jornal de Notícias: Qual é o favorito à vitória na Taça da Liga?
José Mota: Neste tipo de confrontos não existem favoritos. As duas equipas podem proporcionar um bom espectáculo, porque têm jogadores de grande qualidade, mas não é justo apontar um favorito. Os momentos de inspiração individual podem ser decisivos.
Manuel Tulipa: Concordo em absoluto com o meu antigo colega de equipa, apesar de Sporting e Benfica estarem com estados de espírito diferentes. O Sporting superou duas derrotas muito pesadas na Liga dos Campeões, enquanto o Benfica sofreu uma derrota com o Guimarães, que deixou a equipa muito afectada. Parece-me que o Sporting leva ligeira vantagem, até porque, no seu todo, me parece uma equipa mais organizada e mais forte.
JN: É um momento decisivo para a época das duas equipas?
JM: Este jogo vem num bom momento para as equipas, porque quem ganhar vai reforçar o estado anímico para o resto do campeonato. Claro que, quem perder, poderá ter sequelas graves.
MT: É um momento muito importante e, em termos de intensidade, o jogo poderá ser bem melhor do que se fosse realizado no final da época.
JN: Quais são os pontos fortes e fracos de Benfica e Sporting?
JM: O Sporting tem um modelo instituído e todos os jogadores sabem perfeitamente as suas obrigações. Neste aspecto, o Benfica tem tido algumas oscilações, porque varia o seu futebol conforme Quique opta por Suazo ou por Cardozo.
MT: O Sporting é uma equipa que sabe jogar de várias formas, fazendo-o muito bem quando não tem bola, ao contrário do Benfica: quando perde a bola, fica muito refém das acções de Katsouranis e de Rúben Amorim.
JN: Tulipa, qual a sensação de vencer o Benfica no seu primeiro jogo grande na Liga?
MT: Como treinador, foi muito importante estrear-me com uma vitória frente a um grande europeu. Chegámos a esse jogo numa situação muito difícil, já que estávamos em último lugar e defrontávamos o primeiro. Mas também percebíamos que era um líder muito frágil e, por isso, explorámos alguma desorganização defensiva do Benfica.
JN: José Mota, tem quase tantas vitórias como derrotas nos jogos contra o Sporting na Liga...
JM: Já consegui algumas vitórias contra o Sporting, é verdade, mas esta última, com o Leixões, foi memorável e, acima de tudo, justa.
JN: José Mota, qual deve ser a maior preocupação de Quique Flores para este jogo?
JM: Há jogadores que, pela sua qualidade, podem decidir e o Liedson é um desses casos especiais, não só neste jogo como em todos. Deve ser a grande preocupação do Quique, porque a defesa do Benfica está longe de ser perfeita.
JN: Tulipa, como prepararia este jogo na perspectiva do Sporting?
MT: O Benfica depende muito de Reyes e Di María nas alas, mas também é muito forte nos lances de bola parada, sentindo mais dificuldades na circulação de bola. Sente-se mais à vontade no contra-ataque e o Sporting deve ter isso em conta.
JN: Quem pode resolver o clássico?
JM: Até nisto, o duelo pode favorecer o Sporting, porque o Liedson está quase sempre no sítio certo.
MT: Há um atleta que desequilibra sempre... mas em termos colectivos. O João Moutinho joga sempre muito bem e pode ser fundamental.