Três anos após a morte do antigo craque argentino, o clube adversário do Sporting de Braga, nesta terça-feira, em jogo decisivo da Liga dos Campeões de futebol, continua a venerar El Pibe. A própria cidade napolitana nunca esqueceu o astro da bola, considerado um dos melhores jogadores de sempre.
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Já lá vão 32 anos que Diego Armando Maradona deixou o Nápoles, mas a influência do antigo craque argentino sente-se a cada passo, em que se percorre esta cidade de Itália.
Marino Niola, prestigiado escritor e antropólogo italiano, escreveu um dia na página pessoal que possui na Internet que Maradona, sem a passagem pelo Nápoles, não se teria elevado à categoria de mito planetário que se tornou. “Seria um grande craque de futebol, mas só. Nápoles transformou-o num personagem, numa lenda”, vinca, a propósito, um dos principais estudiosos do universo maradoniano, na maior cidade do Sul de Itália.
O falecimento do antigo jogador, em 2020, e o regresso do Nápoles aos títulos na Serie A, este ano, após um interregno superior a três décadas, só vieram acentuar o eterno fascínio por El Pibe. Isso sente-se praticamente em cada recanto da cidade, em cada café, em inúmeras lojas, no estádio, no fundo, em qualquer parte. O sucesso do mural erguido no chamado quarteirão espanhol, em plena cidade napolitana, veio juntar-se a um tributo sem fim.
Pode dizer-se que houve um antes e depois da passagem de Maradona no Nápoles. As sete épocas em que esteve nos “azzurri” foram de tal maneira empolgantes para o clube e para a própria cidade, que o fenómeno perdura, mais de três décadas volvidas do adeus ao antigo astro, apanhado em 1991, com cocaína, num controlo anti-doping e que depois da paragem forçada se mudou para o Sevilha.
Os dois títulos italianos (1986/87 e 1989/90) e a Taça UEFA de 1988/89 são a face visível do sucesso coletivo, assente no ex-número 10 e capitão, que espalhou magia ao serviço dos napolitanos, que abdicaram mesmo da denominação do Estádio de São Paolo, para o atribuir a Diego Armando Maradona, aquando do falecimento, aos 60 anos, em novembro de 2020.
A “maior figura do clube”, como destacou ao JN o antigo internacional português Luís Vidigal, que representou o Nápoles numa fase posterior.
Para além do futebol e de um estilo incomparável, Maradona foi muito mais do que um craque de futebol, cujo legado pode ser observado por toda a cidade. Uma lenda, que ajudou a atenuar uma cidade estigmatizada por causa das máfias, sem a pujança industrial do Norte do país, uma espécie de filho adotivo, que permanece na memória de todos, comparado mesmo a São Januário, o padroeiro de Nápoles.
É precisamente em casa do Nápoles que o Braga joga nesta terça-feira (20 horas, Eleven 2), sabendo que só vencendo por dois golos se poderá apurar, pela primeira vez, para os oitavos de final da Champions. Um triunfo pela margem mínima ou o empate servem para garantir o terceiro lugar no Grupo C e descer à Liga Europa. Mas, se perder, a equipa minhota só fica pelo caminho, em termos europeus, se o Union Berlin vencer em casa o já apurado Real Madrid.