Há novas tecnologias, “super sapatilhas”, novos treinos e abordagens às corridas e a implementação de um passaporte biológico
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O ano de 2023 promete ficar nos anais da maratona como um marco, depois de Kelvin Kiptum ter estabelecido um novo recorde, no passado dia 8 de outubro, em Chicago, que o deixou a 35 segundos de baixar das duas horas para percorrer os 42.195m desta especialidade. Do mesmo modo, no feminino, Tigst Assefa correu a distância numas incríveis 2 horas 11 minutos e 53 segundos, no passado mês de setembro, em Berlim, dando um verdadeiro “esticão” nos tempos até aqui registados, se considerarmos que o recorde da britânica Paula Radcliffe, de 2:15:25, esteve 16 anos sem ser batido e que desde esse recorde estabelecido em 2003, só mais três atletas conseguiram ultrapassar essa fasquia.
Desde a década de 40 do século passado, os atletas masculinos retiraram cerca de 24 minutos ao tempo recorde para correr uma maratona. A lista dos melhores tempos no masculino, segundo os registos da “World Athletics”, é um Mundo restrito no que diz respeito aos atletas capazes de percorrerem a distância em duas horas e três minutos, ou menos, e são apenas nove a consegui-lo, a nível mundial, desde 2014. “Na atualidade, um maratonista é comparado a um Fórmula 1. Uma areia em cima dele é prejuízo”, aponta Ricardo Ribas, antigo atleta, agora treinador, em declarações ao JN. “O nível de monitorização e de controlo que se tem de vários aspetos faz toda a diferença. Estamos a falar de um desporto de ponta”, insiste.
Com os limites a serem empurrados cada vez mais para a frente, o que espanta mesmo Ricardo Ribas foi o tempo conseguido pela etíope Tigst Assefa. “Quando se fazem meias-maratonas em menos de uma hora é de esperar que mais cedo, ou mais tarde, um homem consiga correr uma maratona em menos de duas horas. Impensável era uma mulher correr em 2h11”, sublinha.
Não existe uma explicação para os tempos que têm sido batidos na maratona, mas os especialistas apontam algumas pistas e as “super sapatilhas” (ver peça ao lado) são um dos principais fatores que têm contribuído para a melhoria dos tempos, desde os primeiros protótipos lançados em 2016. Privados de competições durante a pandemia, há quem defenda que os atletas puderam reforçar as bases de resistência, fator que se tem repercutido.