Miguel Oliveira: "Tem sido inexplicável o sentimento de gratidão por ter recebido tantas mensagens"
O piloto português Miguel Oliveira, da KTM Tech 3, agradeceu, esta tarde de segunda-feira, o apoio dos portugueses após a histórica vitória de domingo no Grande Prémio da Estíria de Moto GP, assinalando que "vibraram tanto ou mais" do que ele "naquela última volta".
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"Quero começar por agradecer a presença dos meios de comunicação social depois desta grande vitória e desta grande conquista. É sempre muito lisonjeante ter esta receção. A receção podia ter sido vivida de uma forma mais apoteótica se não estivéssemos nesta situação que vivemos atualmente com a covid, mas julgo que da minha parte seria o mais responsável apelar a todos os fãs para que tentassem o menos possível vir aqui fazer uma receção por esse motivo", começou por referir o piloto na conferência de Imprensa que deu à chegada ao Aeroporto de Lisboa.
E prosseguiu: "Obviamente para mim, correr o risco de poder contrair o vírus é altamente limitante, por não poder depois entrar sequer no 'paddock', as medidas que o MotoGP tem tomado têm sido fantásticas e têm sido exemplo para todas as federações e para todos os campeonatos".
"Deixar uma nota sobre ontem [domingo]. Tem sido inexplicável o sentimento de gratidão por ter recebido tantas mensagens, tanto apoio, tantos comentários, que quero deixar essa palavra de agradecimento e gratidão a todos os fãs, a todos os portugueses que apoiaram e que vibraram tanto ou mais do que eu naquela última volta e que vivemos todos aquele momento de vitória com emoção que nos é reconhecida enquanto portugueses. Parecia um sonho, mas felizmente vivi-o bem acordado e foi fantástico", frisou Miguel Oliveira.
O piloto de Almada salienta que "ser campeão do Mundo é um objetivo". "Continuando nesta linha dos pódios e das vitórias é possível. O acumular de pontos ao longo do campeonato é que conta", acrescentou, recordando que "se está a viver uma situação completamente distinta das temporadas anteriores" e com "rondas de corridas seguidas umas às outras". "E tudo muito imprevisível. Temos corridas em que as coisas correm todas de uma forma, depois outras em que correm de uma forma em que não estamos à espera, como as bandeiras vermelhas na situação da Áustria. O importante para alcançar qualquer título é manter a consistência", complementou.
Sobre a manobra decisiva na última curva do circuito antes da meta, Miguel Oliveira explicou: "É sempre necessário raciocinar em cima da mota e a estratégia de saber ler os adversários e rever certas situações. À velocidade com que tudo se passa parece fácil visto de fora, mas a realidade é que existe muito pensamento, muito foco em relação a esses momentos. A última volta de ontem [domingo] foi simplesmente um aproveitar de oportunidades e colocar-me no sítio certo, à hora certa".
E Miguel Oliveira contou o que sentiu na hora da vitória: "Eu próprio estava arrepiado. Tudo aquilo se passou muito rápido. Ver-me a chegar sem ninguém à minha volta e à minha frente à bandeira de xadrez em primeiro lugar é uma explosão de adrenalina imensa. Foi das vitórias que mais emoção me deu, por ser uma vitória no MotoGP tão sonhada e tão desejada".
"Esperava um pódio primeiro, mas devo dizer que tudo começa por nós acreditarmos e a verdade é que ontem [domingo] eu não me vi a chegar em terceiro ou em segundo. Portanto, o aproveitar da oportunidade fez-me acreditar que realmente o primeiro lugar era possível", acrescentou.
E uma vitória no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, a 22 de novembro? "Para já ao Grande Prémio de Portugal vamos chegar todos numa situação incerta porque não podemos testar nessa pista, a maior parte da grelha não conhece o traçado e eu conheço. Tenho essa pequena vantagem e espero que seja um fim de semana em grande, sobretudo celebrar o facto de termo um grande evento, de nível mundial a ser celebrado em Portugal e, para mim, como português, a correr no MotoGP, poder usar esse dia para poder brindar os portugueses com um grande espectáculo e o meu desejo é que seja a vitória", avançou o piloto almadense.
Miguel Oliveira reconhece este triunfo desperta maior curiosidade à sua volta. "À medida que nos vamos colocando em lugares mais desejados a atenção é outra e o cuidado e o estudo dos nossos rivais é redobrado, mas é algo natural. Vivemos numa época onde o respeito entre os pilotos é um tópico regularmente, mas gosto de ser um piloto respeitado em pista. É algo que se ganha por mérito", frisou, completando: "No geral todos os concorrentes ficaram contentes por ter sido eu a ganhar, excluindo um ou outro".
E porquê ser apelidado de "Einstein do Paddock". "Sou conhecido por ser uma pessoa bastante cautelosa, não sou aquele piloto que guia apenas com o coração e envolvo sempre muito raciocínio, tento saber sempre as coisas, talvez venha daí essa alcunha que me coloca algum peso", justifica entre risos.
O regresso da assistência às corridas também foi abordado. "Para o bem de todos, o antes que possível, quando estiverem reunidas as condições. Só o tempo o dirá. É estranho começando logo pela cerimónia do pódio onde não temos público, e até o ambiente que se vive no 'paddock' é muito diferente sem os fãs a circular e a pedir as fotos e os autógrafos, mas é já muito bom podermos estar a praticar aquilo que gostamos de fazer num cenário de pandemia Mundial, com todas as restrições, devemo-nos dar por gratos por podermos fazer aquilo que amamos", considerou o piloto da KTM Tech 3.
Miguel Oliveira disse, ainda, que o prémio alusivo à vitória "já tem espaço na prateleira" dos troféus conquistados na carreira. "Estes troféus representam boas memórias. Já tenho alguns, espero continuar a aumentar a coleção", concluiu.