É certo que há vezes em que a tranquilidade de Sittard-Geleen pode muito bem confundir-se com o maior dos aborrecimentos. E o frio, que também não ajuda. Mas não faz mal. Não é por isso que a Holanda é de deitar fora. Bem pelo contrário. "Não é muito diferente de Portugal, mas o que é diferente é quase sempre para melhor", resume Miguel Santos.
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Ao fim de um ano, o guarda-redes português ainda não fez da bicicleta o meio de transporte preferido - "nem vou", acrescenta para não deixar dúvidas - e talvez isso seja a única coisa que o separa do mais normal dos holandeses. Ah, e falar o idioma também. "Já me desenrasco em algumas palavras, mas a cidade faz fronteira com a Bélgica e a Alemanha e nesta zona fala-se uma língua diferente do holandês. É meio holandês, meio francês, meio alemão... Não é fácil", desabafa, entre risos. Menos mal que "dos 70 anos para baixo, toda a gente sabe inglês".
Para além da costela poliglota, também é "gente amável, sempre disposta a ajudar", num país exemplar a vários níveis. "A limpeza, a higiene das ruas, a organização do sistema de saúde... Os portugueses têm muito a aprender com os holandeses", refere Miguel Santos. Escusado, no entanto, será embarcar no hábito de "jantar por volta das 17 horas" ou levar com aquele "vento gélido", tão comum quanto indesejado no inverno. De resto, no meio de "tantos rios e canais de água", Miguel Santos só suspira pelo "mar".
Passe curto
Nome Miguel José Oliveira Silva Santos
Clube Fortuna Sittard
Idade 23 anos (21/10/1994)
Posição Guarda-redes
Pouco arroz e um bitoque pobrezinho
Um prato com um "bocadinho de bife e com legumes a transbordar". A primeira vez que pediu um bitoque, Miguel foi obrigado a pedir outra dose, mas depois percebeu. "Não usam muito o arroz e usam quase sempre salada para acompanhar carne ou peixe", refere, antes de lamentar a escassez de... "batata-palha".
O diagnóstico de uma crise
A Holanda não vai ao Mundial 2018 e não é nada que não surpreenda Miguel Santos. "Em cada terrinha, há campos relvados, mas muitas equipas jogam em sintéticos... O futebol está desprofissionalizado, parece que pararam no tempo e a seleção da Holanda está a sofrer bastante por causa disso", explica o guarda-redes.