Chamam-lhes "Enhanced Games", ainda não têm data de realização, mas estão atrair atenções e críticas por permitirem substâncias dopantes aos atletas.
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"Se me derem um milhão de dólares pelo recorde mundial, eu participo". Foi assim que o nadador australiano James Magnussen, de 32 anos, já retirado das competições oficiais, abriu caminho a uma possível participação numa espécie de Jogos Olímpicos com doping. Medalhado olímpico em Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016, Magnussen propõe-se bater o máximo mundial dos 50 metros livres, que pertence ao brasileiro César Cielo desde 2009, com a marca de 20,91 segundos, desde que possa usar substâncias dopantes, consideradas seguras para a saúde pela organização dos "Enhanced Games".
A ideia foi lançada no ano passado por outro cidadão australiano, no caso o empresário Aron D'Souza, que pretende criar uma competição sem controlos anti-doping, que inclua modalidades como atletismo, natação, halterofilismo, ginástica ou desportos de combate. A data e o local para a realização das provas ainda não foi oficializada, mas as críticas já se fizeram sentir, sobretudo em Inglaterra, onde a Agência Anti-dopagem se mostra "extremamente preocupada" com o conceito.
D'Souza, pelo contrário, não escondeu a satisfação com a disponibilidade de James Magnussen. "Fico muito orgulhoso por ver outro australiano a querer estar envolvido nisto. Ainda por cima um nadador. A natação é um dos desportos mais importantes na Austrália. Agora que o James tornou pública a intenção de participar, dezenas ou centenas de outros atletas vão fazer o mesmo. O meu telefone está a explodir", disse o emprésário, citado pela BBC.
Voltando a Magnussen, as declarações que fez não deixam dúvidas. "Achei o conceito interessante logo à primeira. Na Austrália, os atletas olímpicos sabem que há países em que as substâncias passíveis de melhorar a performance são exploradas, embora isso não seja legal a nível internacional. Pretendo ir para os EUA, ouvir alguns conselhos e tomar os suplementos corretos. Quero documentar tudo em vídeo, mostrar que as coisas se podem fazer de forma segura, e criar um tipo de atleta nunca visto", afirmou o nadador, à rádio SEN, em Sydney.
Nos Estados Unidos, a ideia dos "Enhanced Games" também está a ganhar forma. Em entrevista ao jornal "New York Post", o milionário Peter Thiel disse-se disposto a investir numa competição em que os atletas se vão "drogar de forma aberta e honesta", prometendo mais pormenores sobre a competição em abril. Thiel quer vender o conceito no verão, durante os Jogos Olímpicos de Paris, o que promete aumentar ainda mais a polémica. "Será a reinvenção moderna das Olimpíadas", afirmou.