Quem experimenta o hóquei em campo rende-se, mas em Santa Maria de Lamas o recrutamento de atletas não tem sido fácil.
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Tal como na variante em patins, o hóquei em campo também se joga com um stick, entre duas equipas que procuram marcar golos na baliza adversária. No entanto, as semelhanças entre as duas modalidades ficam-se sobretudo por aqui. Entre outras particularidades, e para lá das sapatilhas em vez de patins, no hóquei em campo as tabelas estão interditas, "só se pode jogar com a face plana do stick e há uma série de técnicas que vão apaixonando os atletas mais jovens", explica Goreti Santos, vice-presidente do Clube Futebol U. Lamas - Hóquei.
Daniel Dolores, jogador da equipa principal e treinador dos sub-15, deixou-se levar por essa onda de entusiasmo quando tinha 10 anos, "numa altura em que o U. Lamas tinha dois ou três escalões de formação". Hoje, a realidade não é tão animadora. Nas camadas jovens, o clube tem em atividade apenas a equipa de sub-15, culpa da pandemia, que "afastou muitos atletas que acabaram por abraçar outros desportos", e da dificuldade em recrutar jovens para a modalidade, pese embora as investidas do clube "junto das escolas para que o hóquei em campo chegue aos mais novos", assinala Goreti Santos.
Aos que decidem experimentar é-lhes dada "uma bola e um stick, para poderem treinar em casa", refere Daniel Dolores, com o Youtube a permitir-lhes conhecer "novos exercícios e ver grandes jogos". "Conforme vão aprendendo, querem sempre saber mais, seja a fazer fintas ou a receber a bola orientado ou de costas", aponta o treinador, que coloca como prioridade "a evolução do jogador, mesmo fora do hóquei", em detrimento dos resultados. "Eles são uma consequência dessa evolução", defende.
O Clube Futebol U. Lamas - Hóquei espera solidificar o projeto que idealizou para a formação. Afinal, "é nestes jovens que está o futuro do clube", acredita Goreti Santos. A equipa principal vai abrindo-lhes as portas, com o devido acompanhamento, permitindo que "evoluam melhor e mais rápido", acrescenta Daniel Dolores.
Os mais talentosos podem olhar para as seleções nacionais como bem mais do que um sonho. "Temos miúdos que representaram a seleção sub-18 e grandes jogadores na equipa sénior que são internacionais. No futebol, por exemplo, é mais difícil chegar a um patamar desses", constata o técnico.
Os atletas
Inês Ferreira, 14 anos
"Vi alguns jogos do meu primo, gostei e vim com ele. É um desporto que não é muito comum, onde aprendi a conviver
com os amigos"
Diogo Rocha, 14 anos
"Os meus amigos vieram e disseram-me que isto era fixe. Vim também para estar mais tempo com pessoas e deixar os computadores"
Rodrigo Cardoso, 15 anos
"Experimentei algo que nunca tinha experimentado e gostei. Trabalhar em equipa é o essencial, tal como ajudar os outros ao máximo"