Organização catari e FIFA tentam tudo para proibir protestos mas a agenda da prova continua marcada por muita polémica.
Corpo do artigo
O Mundial 2022 entrou em velocidade cruzeiro, com jogos e golos em catadupa, mas são as questões extrafutebol que continuam a marcar a competição. O segundo dia da prova voltou a ter o tema dos direitos humanos no topo da agenda, sobretudo no duelo entre a Inglaterra e o Irão.
Na cerimónia protocolar, os jogadores iranianos recusaram cantar o hino nacional, em protesto com a violência a que são sujeitas muitas mulheres no país. Antes do apito inicial, os ingleses puseram um joelho no chão, ação simbólica contra o racismo, mas que no Catar, segundo o selecionador Gareth Southgate, surge como forma de protesto pela violação dos direitos humanos na construção dos estádios do Mundial.
A Inglaterra era uma das sete seleções, juntamente com as de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Suíça, cujo capitão pretendia usar uma braçadeira com as palavras "One Love" e as cores da bandeira LGBT, mas a FIFA, em conjunto com a organização catari, não deixou.
"Não podemos colocar os nossos jogadores numa posição em que possam enfrentar sanções desportivas, incluindo cartões amarelos, por isso pedimos aos capitães que não tentem usar as braçadeiras nos jogos do Mundial", referiu a FIFA, em comunicado. Receosas de ver os capitães em risco de falharem jogos no decorrer da prova, as federações recuaram, sem deixar de protestar. "Estamos frustrados com esta decisão, que acreditamos ser sem precedentes. Escrevemos à FIFA em setembro a informar sobre o nosso desejo de usar a braçadeira One Love para apoiar ativamente a inclusão no futebol e não tivemos resposta", sublinharam, num nota conjunta.
Na sequência, a FIFA decidiu que os capitães das seleções passariam a usar uma braçadeira com o lema "Não à Discriminação", o que já se verificou nos jogos de ontem.
T-shirt veta entrada
Um jornalista norte-americano foi impedido de aceder ao estádio Al Bayt, onde se disputou o EUA-Gales, por ter uma t-shirt com um arco-íris, símbolo LGBT. Segundo o próprio Grant Wahl, os seguranças disseram-lhe que tinha de mudar a t-shirt para entrar.
Belgas sem "Love"
A camisola da Bélgica tem a palavra "Love" no colarinho, mas a FIFA exigiu à federação belga que a tire até ao jogo de amanhã com o Canadá.