Desde 2010, quando a FIFA definiu o Catar como país organizador, que o Campeonato do Mundo 2022 tem estado debaixo de fogo. E, com o tempo, as críticas, quase todas viradas para o contexto social e para questões relacionadas com Direitos Humanos, só subiram de tom. A um mês para o início da prova, o país que espera a nata do futebol começa a ganhar forma e faz cedências para tornar o Mundial mais questionado de sempre, pelo menos, mais tragável.
Corpo do artigo
Nove polémicas das Arábias
1. Um país praticamente construído de raíz
O Mundial 2022 terá investimento recorde, que rondará os 220 mil milhões de euros. O dinheiro foi usado para construir sete estádios, cerca de 100 hotéis, estradas, um sistema de Metro para ligar os pontos mais importantes, um novo aeroporto, infraestruturas hospitalares e centros comerciais.
2. A mancha da morte de trabalhadores
Vários relatos e testemunhos adiantam que morreram mais de seis mil pessoas que trabalhavam nas obras das infraestruturas que vão acolher o Mundial. Horários alargados, más condições de higiene, salários baixos e nem sempre pagos são outras das acusações que recaem sobre o Catar.
3. Escolas fechadas por excesso de pessoas
Com três milhões de habitantes, o Catar é o país mais pequeno a receber um Mundial. Tendo em conta que são esperados 1,2 milhões de visitantes durante a prova, foram tomadas medidas para controlar o fluxo de pessoas. As escolas estarão fechadas e quem trabalha para o Governo fá-lo-a desde casa.
4. Estádios no espaço de 80 quilómetros
Outro factor que requer precauções e medidas contra o aglomerado de pessoas tem a ver com o facto de os oito estádios estarem situados num raio de 80 quilómetros. A prova decorrerá nas cidades de Al Khor, Lusail, Al Rayyan, Al Wakrah e, principalmente, Doha, onde estão metade dos estádios.
5. Atenção aos afetos públicos e ao vestuário
Andar de mão dada, beijos e outros sinais de afeto públicos são reprovados no Catar e durante a competição pedem-se cuidados neste sentido. O vestuário, principalmente das mulheres, é outra preocupação no país. A federação inglesa já avisou as mulheres dos jogadores do que podem e não podem fazer.
6. Tréguas ao álcool, menos nos estádios
No Catar é proibido ingerir álcool em espaços públicos, mas durante o Mundial haverá exceções. Serão criados espaços só para esse efeito, que funcionarão durante 19 horas por dia, e até existirão "sober zones" para quem beber demais poder recuperar. Nos estádios, contudo, só cerveja sem álcool.
7. Segurança reforçada e levada ao extremo
O Catar investiu bom dinheiro em polícias marroquinos, equipamento de vigilância americano, drones turcos e navios italianos. O receio de alguém tentar sabotar a prova é uma das grandes preocupações da organização, que também contratou especialistas para deterem eventuais ciberataques.
8. HUMMEl não quer estar visível na prova
Uma das últimas demonstrações contra o Mundial 2022 no Catar veio da Hummel, que anunciou "não querer estar visível num torneio que custou a vida a milhares de pessoas". O símbolo da marca não será notado nas camisolas da Dinamarca, cujo terceiro equipamento é preto, "por luto".
9. Boicote previsto de cidades francesas
Marseille, Lille, Bordéus, Reims, Nancy, Rodez e Paris são algumas cidades francesas que já comunicaram a intenção de não ter espaços públicos nem ecrãs gigantes para transmitir os jogos. Benoît Payan, autarca de Marselha, justifica a decisão com o facto de a prova ser "um desatre humano e ambiental".