Nelson Évora, campeão olímpico no triplo salto em Pequim2008, reiterou esta quarta-feira a confiança de conseguir superar a marca de 18 metros, assegurando "rezar" para que, quando ocorrer, possa bater o recorde do mundo.
Corpo do artigo
"O meu objetivo é treinar o melhor possível, bater a barreira dos 18 metros e nesse meu salto vou rezar para que possa ser acima dos 29 centímetros, que é o resto que falta para bater o recorde do mundo", afirmou Nelson Évora, que conquistou a medalha de bronze nos Mundiais de 2015, à margem da apresentação da corrida 'Discovery Underground Lisboa'.
No entanto, o atual campeão da Europa em pista coberta, cujo recorde pessoal é de 17,74 metros, rejeita qualquer obsessão sobre essa marca: "Se não for [recorde do mundo] fico feliz na mesma, porque vai ser um salto espetacular, como já mostraram o Christian Taylor e o [Pedro Pablo] Pichardo, que fizeram saltos acima dos 18 metros e saíram das provas supersatisfeitos, porque tinha sido uma experiência única".
Nelson Évora não duvida das suas capacidades, explicando que a melhor marca mundial depende da junção de todos os fatores, realçando a sua ambição para saltar mais de 18 metros, marca que admite ser necessária para conquistar nova medalha olímpica.
"Qualquer atleta que salte 17,60 é capaz de saltar 18 metros, é uma questão de inspiração, de estarem conciliadas as condições ideais. Eu já fiz esses saltos, já consegui superar muitos bloqueios que tinha e provar que posso fazer bons saltos, quero repeti-los até aos Jogos, porque para ser medalhado pode ser preciso saltar acima dos 18 metros", explicou.
Mesmo assim, Nelson Évora diz acreditar que o recorde do mundo vai ser superado antes do Rio2016, até por causa da pressão decorrente de uma final olímpica e também porque a mesma está agendada para o período da manhã, reconhecendo ainda ter um longo caminho a percorrer.
"Há que trabalhar e não pensar em recordes. Faltam-me muitos treinos até lá, mais de 400 treinos, por isso, vou focar-me em trabalhar e depois começar a traçar objetivos e procurar saltos cada vez maiores", frisou.
Um dia depois de ter iniciado os treinos para a nova época, Nelson Évora salienta ter "o mais importante, que é a motivação para dar tudo, dar o melhor". Até reentrar em competição, conta realizar dois a três estágios, acompanhado de uma equipa técnica de biomecânica, em locais onde seja possível treinar ao ar livre durante o inverno.
Prometendo empenhar-se em "todos os pormenores", para não haver "desculpas para o resultado final", o saltador luso receia ainda a influência do horário matutino previsto para a competição no Rio de Janeiro.
"É algo que espero que seja alterado, porque acho que é algo inédito: A qualificação vai ser feita numa manhã às 9:30 e a final às 10:30 do dia seguinte. Teremos, desde a hora que vamos acabar a prova, menos de 24 horas para recuperar para uma final, o que acaba por ser extremamente violento para uma prova como o triplo salto", sublinhou.
Atendendo a que "os resultados no período da manhã são bastante piores do que os resultados à tarde" e que "nunca houve um leque de atletas tão bons como há na atualidade", Évora deixou o apelo a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) e ao Comité Olímpico Internacional (COI) para que este horário seja alterado.
"Já que há a possibilidade de ser batido o recorde do mundo, dar-nos as condições mínimas para o fazermos", pediu.