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O Sporting cedeu ontem, frente ao Marítimo, o terceiro empate se-guido na Liga e caiu para o sétimo posto da tabela. Os lenços brancos passaram a ser um hábito em Alvalade e Paulo Bento já não sabe o que fazer à equipa.
José Eduardo Bettencourt falou anteontem em terrorismo, denunciando os focos de contestação interna que, na sua opinião, apenas favorecem os adversários. No entanto, o fraco futebol que os leões continuam a apresentar é outra espécie de terrorismo: não mata, mas mói a paciência de todos, os que apoiam, ou não, o treinador.
Números são números: o Sporting não vence desde a quinta jornada, tendo acumulado uma derrota (F.C. Porto) e três empates (Belenenses, V. Guimarães e, ontem, o Marítimo). Nem a benesse dos velhos rivais, que desperdiçaram pontos nesta jornada, tranquilizou os jogadores leoninos, sempre nervosos e inconsequentes. E outro recorde foi quebrado: trata-se da primeira vez que Paulo Bento não consegue vencer em quatro encontros consecutivos na Liga. Já vão 12 pontos de distância para o líder Braga...
O começo foi prometedor. Duas boas oportunidades de golo para cada equipa prenunciavam um bom espectáculo, algo que há muito não se vê para as bandas de Alvalade. Mas foi tudo fogo de vista. Os leões cuidaram logo de regressar a um futebol pastoso e feio frente a um Marítimo, cuja qualidade de passe dos quatro homens mais adiantados chegou a entusiasmar. Como era de prever, Vukcevic nem sequer se equipou devido a lesão e Bento reservou três surpresas: André Marques, Pereirinha e Postiga no onze.
A jogar sobre brasas desde o meio da primeira parte, o Sporting apenas teve uma trégua. Durou oito minutos: desde o golaço de Matias Fernandez, que deu um forte pontapé no marasmo, até ao golão de Manu, autor de um fantástico remate que deixou Rui Patrício colado ao chão. Desta vez, o treinador do Sporting tentou tudo o que estava ao seu alcance para vencer. Colocou quatro avançados em campo - até Tonel chegou a ser ponta-de-lança -, nos minutos finais, mas pouco ou nenhum discernimento. Tratou-se mais de uma medida de desespero do que propriamente de uma boa leitura do que via no relvado. Caicedo voltou a provar que é um erro de "casting": ao minuto 90+4, só com Peçanha pela frente, atirou incrivelmente ao poste. Os adeptos desesperaram! Apenas Matias, Carriço, Moutinho e Veloso estiveram a um nível razoável.
Também Liedson continua sem resolver. O brasileiro não marca desde a quarta ronda, parecendo impotente para resolver os problemas que antigamente desenrascava sem dificuldades. Sem autocarro na baliza, os madeirenses jogaram de olhos nos olhos, tendo corrido enormes riscos. A audácia foi premiada, mesmo que o Sporting tenha fortes razões de queixa da arbitragem: houve um penálti claríssimo de Fernando sobre Postiga que o árbitro transformou em livre fora da área.