A vitória frente a Fiji, num final dramático, a par do que já se tinha vivido na qualificação, consagrou uma epopeia única e que irá prevalecer nos livros como um marco histórico do desporto nacional. O selecionador irá mudar, mas o presidente da federação de râguebi garante que o sucessor será igualmente francês.
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Patrice Lagisquet, selecionador português, já havia anunciado que findando o Mundial de 2023, a ser organizado na França, iria abdicar do cargo. "É uma decisão que já está tomada e comunicada à Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) e aos jogadores há algum tempo. Fui convidado para continuar, mas já tinha prometido à minha família que iria parar o râguebi após o Campeonato do Mundo", revelou, à Lusa.
Anunciado em julho de 2019, o técnico francês foi, verdade seja dita, o obreiro da transformação nos lobos, colocando o conjunto a jogar de forma ofensiva, num "râguebi total", tal como o "L' Equipe" apelidou. Ora, depois deste passo importante, Lagisquet concluiu que era hora de largar o posto, deixando o restante florescimento do râguebi português nas mãos de outro técnico. O sucessor ainda não se conhece, mas certamente que, comparativamente a 2019, existirão mais candidatos ao cargo.
Carlos Amado da Silva, em declarações à TSF, garantiu que o próximo técnico não foge muito ao perfil do anterior. "Francês, naturalmente. Nós planeamos este tipo de jogo, um processo de continuidade. Vai ter de ser continuado com as alterações. Não há pessoas iguais. Temos um treinador extraordinário que, se calhar, até poderia e deveria estar com outras seleções, porque se ele fez o que fez com Portugal, não fazia pior, concerteza, com equipas com profissionais de outra qualidade", considera o dirigente.
Certo é que para além do selecionador, alguns jogadores também irão abandonar o seio deste grupo. Casos confirmados são os de Francisco Fernandes e Mike Tadjer, no entanto, poderão ser mais. Nestas circunstâncias, não se trata de um processo de reformulação, até porque não faria sentido, mas antes uma gestão da continuidade do trabalho apresentado nos últimos anos.
Muita qualidade
No grupo há talento, Rodrigo Marta, Rafaelle Storti, Jerónimo Portela e Pedro Bettencourt (entre outros) são nomes que saltam à vista e que ganharam alguma exposição com esta campanha. O grupo tem tudo para progredir e subir degraus no cenário mundial, agora, convém ter consciência que o processo, como é evidente, será gradual, sem adiantar certos estágios. No entanto, este, sem dúvida, terá sido o ponto de viragem que esta modalidade, tradicional e com grande história no país, precisava para dar um volte-face à narrativa de anos anteriores. Não só para o presente, mas também para o futuro e o impacto que esta campanha poderá ter para a imagem do râguebi nacional, inclusivamente, nas gerações futuras.
Não obstante, um outro fator será vital para a prosperidade da modalidade entre portas: a aposta nas infraestruturas. "Devíamos ter um espaço da seleção nacional que não há. O Jamor precisa de ser recuperado para recebermos equipas com alguma qualidade e com caraterísticas razoáveis para os espetadores. Não se fala em luxo, mas mais uma bancada onde não chova e se possa estar um pouco. Terminar as obras no centro de alto rendimento do Jamor para nós é fantástico. Ter um estádio para oito a 10 mil pessoas para o ranking é fantástico e chega neste momento, mas precisamos de ter, porque não há efetivamente onde jogar", declarou Carlos Amado da Silva.