Após 26 anos de costas voltadas, Magic Johnson e Isiah Thomas, lendas da NBA, fizeram as pazes. Com um abraço e muitas lágrimas.
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Um discurso de 58 segundos e um abraço de 43 segundos. Talvez não tenham sido muito originais, mas foi assim, e em lágrimas também, que Magic Johnson e Isiah Thomas enterraram de vez um passado demasiado longo em que viveram de costas um para o outro, depois de terem tido uma das amizades mais marcantes da história da NBA. Agora, por fim, podem (tentar) recuperar o tempo perdido: 26 anos.
Se o momento em que Magic Johnson e Isiah Thomas reconstruíram a paz entre eles tocou e mexeu com tanta gente, foi só porque por detrás daqueles rostos tingidos de arrependimento e daquelas vozes embargadas pela emoção conta-se uma história tão marcante quanto improvável. Nunca jogaram juntos. E, à conta disso, foram sempre rivais. Disputaram jogos decisivos e finais de campeonatos e protagonizaram duelos escaldantes. Mas tudo nascia e morria no campo. Nos intervalos da competição, compartiam sorrisos, partilhavam confidências, eram cúmplices em brincadeiras e quase só se separavam quando os calendários de Lakers e Pistons assim o impunham. Pode parecer estranho, mas eram rivais e amigos. Ou foram, até 1991.
Quando Earvin já era conhecido por Magic, pelo talento para o basquetebol, estas duas vidas separaram-se. Reza a história que foi um comentário homofóbico de Isiah, hoje com 56 anos, a despoletar o antagonismo. Após Magic ter contado ao Mundo que carregava com ele o vírus da SIDA, o ainda amigo terá colocado em causa a orientação sexual daquele que fez carreira nos LA Lakers. E o que já não andava nos eixos, desmoronou-se. Definitivamente, pensava-se.
É que a partir daí, nunca mais foram vistos juntos. Ao ponto de, inclusivamente, Magic ter revelado, anos mais tarde, que vetou a chamada de Isiah à seleção norte-americana que ficaria na história como "Dream Team". Para além disso, quando tinham de estar no mesmo espaço ou no mesmo evento, sorriam para as câmaras e irradiavam felicidade, mas nunca mais voltaram a cumprimentar-se. Muito menos, a falar. E assim foram envelhecendo, longe um do outro.
Quase três décadas depois, Magic e Isiah engoliram o orgulho. Abraçaram-se. Choraram. E fizeram as pazes. Porque nunca é tarde de mais para perdoar.