Auditório Sardoeira Pinto ouviu o candidato da Lista C reivindicar praticamente todas as ideias defendidas desde 2020, pelas outras listas. Villas-Boas foi o mais atacado.
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A apresentação da lista C às eleições do F.C. Porto, liderada por Nuno Lobo, decorreu este domingo no auditório Sardoeira Pinto que não encheu, mas que também não ficou a saber os nomes dos elementos da lista que se pressupunha ser anunciada, já depois de os ter chamado ao palco para cantar o hino do F.C. Porto. “Os nomes da minha lista serão entregues quarta-feira, às 17 horas, ao Dr. Lourenço Pinto. Nessa altura vão saber”, justificou Nuno Lobo, depois de uma intervenção muito confusa, que reivindicou muitas das ideias das outras listas candidatas às eleições. "Em 2020 apresentámos 250 propostas e em 2024 aumentámos para 300. Falámos em 2020 das contas, como agora, falámos da perda de ecletismo, fomos os primeiros a falar do voleibol masculino. Fomos os primeiros a apresentar o futsal, os outros candidatos falam agora disso”, atirou no decorrer da intervenção, lamentando pelo caminho a pouca cobertura de uma Comunicação Social, que acusou de levar as duas outras candidaturas ao colo e que saiu do auditório defraudada com as expectativas criadas em torno da lista que ficou por divulgar.
Voltando à intervenção de Nuno Lobo, o candidato foi apontando várias questões que garante já ter defendido: “Pinto da Costa disse que ia cortar com os prémios da administração, mesmo em anos sem vitórias. Mas quem falou disso primeiro? Sabemos que o F.C. Porto depende muito da entrada na Liga dos Campeões, mas quando o clube falha, é um "ai Jesus". Não queremos depender destes valores de entrada na Champions. Temos de ser cirúrgicos no scouting e recordo o exemplo do Cissokho adquirido ao Vitória de Setúbal por 300 mil euros e vendido, meses depois, por 15 milhões de euros. Em vez disso, vemos camionetas de jogadores a chegar à equipa B e a maioria nem passa pela equipa A. O F.C. Porto é, foi e será sempre, um clube vendedor”, completou ainda.
As contas apresentadas no último exercício da SAD também foram tema e a esse propósito, Nuno Lobo lembrou logo qual tinha sido a posição de André Villas-Boas no ato eleitoral anterior: “Em 2020 já tínhamos o passivo superior a 420 milhões de euros, o primeiro subscritor da lista de Pinto da Costa, hoje candidato, esqueceu-se disso na altura e votou as contas. Todos os anos temos de vender um jogador só para pagar os 25 milhões de euros de juros. Junto dos credores, temos de conseguir taxas de juro mais acessíveis. Temos de tentar reestruturar e renegociar a dívida, porque contas sólidas trazem credibilidade junto da banca. Algumas das nossas pérolas serviram para pagar dívidas e buracos, não para render ao clube. Vejam-se os casos de Fábio Vieira e do Luiz Díaz vendidos à pressa”.
Nuno Lobo argumentou ainda em relação ao que distingue a lista C das outras candidaturas, sublinhando que a principal preocupação era servir o clube. “Este trabalho vem sendo feito desde 2020, quando apresentámos um programa com 250 propostas que aumentámos agora para 300. Já na altura alertamos para o problema das contas e da forma como intervimos custou-nos um processo em tribunal. Alertámos também para a perda de ecletismo, fomos os primeiros! Também já tínhamos falado no voleibol, no futsal, no atletismo e no padel, entre outras modalidades que queremos devolver ao F. C. Porto”, recordou.
O candidato da lista C abordou a questão da academia, “primeiro ponto das nossas propostas”, antes de lamentar estar 20 anos atrasado em relação aos clubes rivais nesse campo. “Em 2020, denunciámos a academia fantoche em Matosinhos, que não deu em nada. Como nada do que denunciámos em 2020 foi resolvido até 2024, estamos cá para servir o clube e dar continuidade a este projeto", destacou, concretizando apenas no decorrer das questões colocadas pelos jornalistas, já no final, que solução preconizava para a academia, sem deixar de mandar mais uma indireta a André Villas-Boas: “Em 2020, a outra candidatura também votou uma academia fantoche, fotogénica, para inglês ver. Não defendo um centro de alto rendimento, ou um ginásio maior, porque não sei o que é um centro de alto rendimento com três campos de futebol, mas entendo que a formação do F.C. Porto tenha de estar ligada e seja uma forma de passar para a nossa equipa A, onde todos comunguem e sintam o que é jogar no F.C. Porto. O projeto que apresentou Pinto da Costa é o que nós defendemos e que está no nosso programa, mas dependemos dos investidores para avançar com o projeto. Se ganharmos, a primeira medida que tomaremos será não rasgar os contratos assinados por esta Direção”.