
Desde 2017 que os árbitros podem consultar imagens para reverter decisões
Gonçalo Delgado / Global Imagens
Seis anos depois de ter sido implementada, a ferramenta e o respetivo protocolo de uso ainda levantam dúvidas.
Corpo do artigo
A introdução do videoárbitro (VAR) veio mudar o paradigma do futebol. Até aí, o árbitro principal era o único decisor e o que acontecia em tempo real era imutável e definitivo, não havendo margem nem possibilidade de se mudar decisões tomadas, quase sempre em milésimos de segundo, muitas vezes a quente e outras sem se ter o melhor ângulo de visão. A partir de 2017, isso mudou.
Com o recurso ao VAR, passou a ser possível mudar decisões, pelo menos aquelas que se consideram ter mais peso e influência num resultado final, nomeadamente golos, lances de grandes penalidades e expulsões. Para além disso, o VAR também pode, e deve, interferir em casos de identificação errada de jogadores: são, portanto, quatro as situações em que as imagens televisivas podem ajudar o árbitro principal.
No início, o protocolo levantou algumas dúvidas, que levaram tempo a ser esclarecidas. Para além do quê, também era preciso saber como e quando é que o VAR podia intervir.
Sempre que as imagens televisivas mostrem que houve um "erro claro", numa das quatro situações em que a decisão pode ser mudada, o VAR deve alertar o árbitro principal. A partir daí, este pode ir ver as imagens num ecrã colocado no relvado, se não ficar convencido com a explicação do VAR, ou pode confiar no que ouve e aceitar a opinião do VAR, alterando a decisão inicial sem recorrer às imagens.
Nos lances de golo validado, por exemplo, o VAR analisa se houve alguma infração durante toda a jogada que culmina no golo, desde faltas ofensivas ou possíveis foras-de-jogo. Uma falta no início da jogada, 20 ou 30 segundos antes de o golo ser marcado, pode levar à anulação do mesmo. O VAR também pode reverter decisões de golos invalidados se entender que não houve infrações durante a jogada.
Quanto às expulsões, apenas os lances passíveis de cartão vermelho direto são analisados. Também aqui o VAR tem poder para anular cartões vermelhos mostrados ou alertar o árbitro principal para cartões vermelhos que ficaram por exibir.
No que diz respeito às grandes penalidades, o protocolo a seguir é o mesmo, com o videoárbitro a analisar os lances dentro da área para confirmar o acerto ou o erro do árbitro. Se um penálti existiu, mas não foi assinalado, o VAR intervém e a falta é assinalada; se um penálti for mal assinalado, igual; e se um penálti escapou à equipa de arbitragem, cabe ao VAR alertar para a decisão ser revertida.
Outro aspeto importante a ter em conta é que a intervenção do VAR apenas pode acontecer no máximo até à paragem seguinte após o eventual erro. A partir daí, não há retificação. Também pode acontecer, caso a próxima paragem tardar, o árbitro interromper o jogo depois de alertado pelo VAR para algum erro.
Convém dizer ainda que o árbitro principal é sempre soberano e tem sempre a última palavra, podendo contrariar a versão do VAR e manter a decisão inicialmente tomada.
