O grande golo do Mundial de Futebol haverá de ser o despedimento da direção inteira da FIFA. A FIFA não pode mais arrogar-se à defesa do desporto como encontro pacífico e digno entre adversários de igual dignidade. Com o que se passou na organização do evento do Catar está desmascarado o papel manipulador e sem escrúpulos de uma instituição que deveria primar pela lisura a todos os níveis.
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Em absoluto desacordo, tenho de aceitar que a soberania de um país alheio redunde em leis que me ofendem e sob as quais eu jamais quereria viver. O que já não é aceitável, a pretexto nenhum, é que a FIFA censure em Portugal o uso da t-shirt da Amnistia Internacional ou a faixa LGBT.
Dito isto, estou à espera dos resultados dos jogos de Portugal como quem tem também vergonha. Porque qualquer alegria é conquistada em cima do horror normalizado pela hipocrisia mundial. Por causa disto, quase me basto com querer que Cristiano Ronaldo rebente todos os recordes e seja feliz. Não posso com a inveja que se apodera dos que assistem alegrinhos a qualquer atrapalho que lhe possa acontecer. O que Ronaldo fez por si e por Portugal é o suficiente para merecer respeito e, mais do que isso, carinho.
Não sei quando haveremos de ter um jogador de tão alto nível, por isso, quero sim vê-lo a tornar-se o melhor de todos os tempos porque me alegra assistir aos melhores que for possível. Porque me alegra que hoje ainda sejamos capazes de grandezas humanas nunca vistas e abramos caminho para um futuro sempre esperançado na superação.
*Escritor