Filipa Martins, a ginasta portuguesa que fez história nos mundiais, estuda Desporto, gosta de ténis e de comer arroz de marisco. A atleta do Acro Clube da Maia é um caso de superação.
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Filipa Martins tinha apenas quatro anos quando começou a praticar ginástica. O caminho começou bem cedo e por ideia dos pais, que a decidiram inscrever na modalidade por ser uma criança com muita energia, inquieta e travessa. O que parecia ser apenas uma brincadeira tornou-se num caso sério e hoje, passados 21 anos, a ginasta natural do Porto fez história ao conseguir o que até então ninguém havia conseguido no nosso país: sétimo lugar no all-around e oitavo nas paralelas assimétricas dos mundiais. Mas nada foi feito sem sacrifício, muito pelo contrário. Por trás da criadora do movimento "Martins", há concentração, exigência e muito, muito esforço de uma atleta tímida mas que quer sempre mais. "Fiz muitos sacrifícios. Na escola, os meus amigos iam sempre lanchar e combinavam coisas mas eu nunca podia ir, porque tinha treinos. Não me arrependo de nada!", diz, orgulhosa, ao JN.
Filipa Martins concilia a ginástica com a licenciatura na FADEUP em Ciências do Desporto, curso que vai acabar este ano. Quando terminar a carreira, quer continuar ligada à modalidade e ser treinadora. Mas o fim, esse, ainda está longe para a atleta de 25 anos: "Há cada vez mais longevidade na ginástica e eu acredito que posso fazer mais. Sei que fiz coisas que ainda ninguém tinha conseguido, mas tento não me conformar. Penso sempre no que posso alcançar a seguir e centrar-me nos meus objetivos".
A atleta, que também gosta de fotografia, passa muitas horas, como é de esperar, no Acro Clube da Maia e, por isso, opta sempre por espaços abertos para passear quando não tem sessões de trabalho. Os treinos são sempre feitos com as "playlist" que criou no Spotify e o treinador é como família. "Acabam por ser como os nossos segundos pais, porque estamos muito tempo com eles. O nosso sucesso é o sucesso deles e acabamos por ter uma relação familiar", sublinha. Bom garfo, Filipa é fã de comida tipicamente portuguesa, como arroz de marisco. "Nos mundiais do Japão, a comida não era grande coisa. Tive saudades da nossa comida", conta, entre risos. O cuidado com a alimentação é constante - embora não tenha uma dieta muito rígida, tem cuidados - e, no que aos sonhos diz respeito, está mais do que realizada: desejava participar nos Jogos Olímpicos, feito que já conseguiu duas vezes. "Mas quero ir a mais", advertiu.
Apesar de não a ter visto competir, Dominique Moceanu é a referência de Filipa na modalidade, mas não é só a ginástica que chama a atenção da portuense: "Gosto de ténis, saltos para a água e natação sincronizada. O Rafael Nadal também é uma grande referência para mim". Tal como Filipa já deve ser para muita gente.
O dia a dia da ginasta
7.00 horas: O dia de Filipa Martins começa bastante cedo. Se tiver treino de manhã, a atleta acorda às sete horas para começar o dia. Toma o pequeno-almoço e sai para mais uma sessão de trabalho no Acro Clube de Maia.
8.15 horas: Pouco depois das oito da manhã, Filipa Martins começa a treinar. A ginasta prepara-se todos os dias mas há três em que tem duas sessões de trabalho. Cada treino da manhã tem uma duração de duas horas.
10.15 horas: Terminada a sessão de trabalho da manhã, Filipa Martins segue depois para a FADEUP (Faculdade de Desporto da Universidade do Porto), onde está a tirar a licenciatura em Ciências do Desporto.
16 horas: Depois de um dia de aulas, a ginasta de 25 anos sai da faculdade para fazer mais um treino. A sessão da tarde é mais longa - pode durar três horas, dependendo das horas a que sai das aulas na universidade.
19 horas: Se o segundo treino do dia for às 16 horas, Filipa regressa à casa às 19 horas. Caso tenha aulas até mais tarde e começar a treinar às 19, a sessão de trabalho termina às 21.30 horas. Segue-se o jantar e o descanso.
22.30 horas: Dependendo da hora a que termina a segunda sessão de trabalho no clube, Filipa Martins deita-se entre às 22.30 e às 23 horas. A atleta valoriza muito o descanso para estar na melhor forma possível.