Ricardo Brito Reis, assessor da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), garante que a vontade do poste português Neemias Queta, após a dispensa dos Sacramento Kings, passa por permanecer na liga mais prestigiada do mundo.
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Na passada terça-feira, os Sacramento Kings prescindiram dos serviços de Neemias Queta - o primeiro luso a atingir os quadros da NBA. O espaço, na realidade, sempre foi muito curto. No total, em duas épocas, o poste português realizou 20 jogos e com uma escassa minutagem, passando, grande parte da evolução, pela equipa secundária, os Stockton Kings, da G-League. Nesta espécie de filial, na temporada transata, fez um brilharete, tendo ficado no segundo lugar para o prémio de jogador mais valioso da competição.
"A análise que se pode fazer, à distância, é que após a excelente campanha da temporada passada, os Kings quiseram continuar a investir no fortalecimento do plantel. Isso significou, aparentemente, apostar em jogadores já com provas dadas na NBA", inicia Ricardo Brito Reis, lembrando que, fruto de uma oportunidade de mercado, Mike Brown (treinador da equipa de Sacramento) quis juntar ao plantel Javale McGee, "um velho conhecido, pois tinham sido campeões por duas vezes nos Golden State Warriors".
Ora, que influência tem isto na permanência de Neemias? Aqui já entramos por campos mais técnicos, mas simples de explicar. Acontece que o gigante português (mede uns incríveis, 2,13 metros), de 24 anos, usufruía de um contrato não garantido, diferente dos outros três postes da equipa (Domantas Sabonis, Trey Lyles e Alex Len). Assim sendo, com o encaixe de Javale, também ele com um vínculo de termo certo, encerrou-se uma janela para esta posição. Aliás, na mesma situação que o poste luso ficou Nerlens Noel, depois de ter assinado um vínculo não garantido em julho.
E como funcionava o contrato de Neemias?
"A assinatura do contrato dava-lhe cerca de 250 mil doláres [228 mil euros] garantidos no training camp. Após esta fase, se ele chegasse ao dia do arranque da temporada, a 24 de outubro, como elemento do plantel, recebia uma nova tranche de cerca de 500 mil dólares [456 mil euros]. E, por fim, recebia mais um valor acima de um milhão e 269 mil dólares [um milhão e 159 mil euros] garantidos no dia 10 de janeiro de 2024. Basicamente, o contrato dele tinha três fases: a fase inicial, que poderia ir até ao training camp [pré-temporada]; a fase regular; e, por fim, a última até 10 de janeiro, caso ainda estivesse no plantel", explica o assessor da FPB.
Segundo Ricardo Brito Reis, na eventualidade de terminar esta época, estaria, ainda, acordado um contrato não garantido para a época de 2024/25, onde receberia dois milhões e 196 doláres [ dois milhões de euros]. Neste vínculo, 50% seriam garantidos caso chegasse até ao dia 10 de outubro, ficando os outros 50%, na mesma condição, para o dia 10 de janeiro de 2025.
Deste modo, e tendo em conta estes fatores, deixou de fazer sentido realizar o "training camp". Contudo, não se trata de um mero descarte, mas sim um movimento para que ambos os jogadores (Neemias e Noel) possam "encontrar uma oportunidade" antes do arranque da pré-temporada, com data marcada para o dia 3 de outubro.
O futuro passa pela NBA?
"O Neemias quer continuar na NBA. Eu acho que ele vai querer esgotar todas as possibilidades, antes de tentar sequer olhar para a Europa", refere Ricardo Brito Reis, recordando que, o próprio poste luso confidenciou essa intenção. "Das conversas que tive com ele, há relativamente pouco tempo, ele dizia-me exatamente isso ‘A Europa estará sempre disponível’", salienta o também comentador de basquetebol na Sport Tv.
O estilo de jogo na liga norte-americana mudou (e muito) nos últimos anos. Vivemos numa era do espaço e da velocidade, recheado de muitos lançamentos de três pontos. Olhando para o perfil de Neemias, este está longe de ser o estilo dele. Embora concorde, Ricardo Brito Reis mostra-se esperançoso, pois, como realça, "todas as equipas gostam de ter um jogador alto com uma grande presença interior", com o acrescento, no caso do prodígio do Vale da Amoreira, de ter "uma grande capacidade de passe, algo que os jogadores grandes normalmente não têm", assinala.
Neste momento, o movimento mais correto será o de integrar um grupo "com espaço para jogar, errar e evoluir". "Diria que o cenário ideal seria uma equipa que estivesse em período de reconstrução. Na liga secundária [G-League] já se percebeu que domina e está à vontade, portanto, a progressão natural será a NBA", remata.