Eduardo Freitas foi escolhido pela Federação Internacional Automóvel (FIA) para substituir, em coliderança, o diretor de corridas da Fórmula 1, Michael Masi, muito criticado depois da última prova do mundial da categoria.
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Eduardo Freitas vai desempenhar, de forma alternada com o alemão Niels Wittich, o cargo de diretor de corrida no Mundial de Fórmula 1, substituindo o australiano Michael Masi, anunciou a Federação Internacional do Automóvel (FIA).
Natural de Cascais, Eduardo Freitas tem 60 anos (nasceu a 27 de outubro de 1961) e chega ao topo da carreira, após 40 anos a ver carros a passar. Começou como mecânico e passou por todos os degraus da "fiscalização" do Mundo automóvel, tendo passada a última década a gerir corridas do Mundial de Resistência, como a icónica "24 horas de Le Mans", por exemplo.
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"Adorava motores a dois tempos", recordou numa entrevista ao site Dailysportscar, a 26 de maio de 2021, quando completou 20 anos como diretor de corridas. A metade de cima de uma carreira de 40 anos, que começou de baixo. Um amigo desafiou-o a construir um motor de kart, nos idos de 1970. "Quatro rodas não têm piada, duas é que é diversão", respondeu, ao recusar a proposta. Depois de ver a mecânica simples e direta destes bólides de iniciação nas corridas de quatro rodas, acabou por se apaixonar pelo automobilismo.
Em setembro de 1979, Eduardo Freitas foi ao Campeonato do Mundo de Karting, no Estoril, para comprar um chassis (Zip Sahdow 77) a Martin Hines. Viu a prova toda de uma bancada no meio da pista - Peter Koen venceu, participaram ainda Ayrton Senna e Kathy Muller. "Pensei para mim que era muito mais divertido estar junto da pista".
Era domingo. No dia seguinte, segunda-feira, 24 de setembro de 1979, estava no terreno a desmontar partes da pista de karting que passavam na estrada. Os blocos de cimento eram pesados e o trabalho prolongou-se durante a semana. De dia, porque à noite Eduardo começou a trabalhava como mecânico de karts.
"Foi assim que começou. Fiz tudo o que podia fazer numa pista. De estagiário a chefe de posto, depois chefe de setor, chefe de comissários de pista, até chefe de pista", recordou. O salto para o topo das corridas de automóveis seria dado, como primeiro passo, à porta de casa. Em 2000 e 2001, o autódromo do Estoril, em Cascais, acolheu o Mundial GT da FIA. Eduardo destacou-se na organização e em fevereiro de 2002 foi convidado para diretor de corrida do Europeu de Turismo (ETCC) e do Campeonato FIA GT.
A primeira vez como chefe de corrida, recorda, foi a 22 de abril de 2002, domingo, dia de corridas em Magny Cours, França, em provas do FIA GT e ETCC. "Tinha um bloco de notas, 20 ecrãs à minha frente, um telefone para ligar a dar as mensagens para pôr no ecrã. Era isto", recordou, numa entrevista ao Dailysportscar a assinalar 20 anos de diretor de corridas, concedida na sala de controlo de Spa Francorchamps , em frente a uma parede de ecrãs, meia dúzia de monitores e vários computadores.
"O meu trabalho de diretor de corrida é mais zelar pela segurança direta em competição dos pilotos e zelar pela aplicação do regulamento desportivo na categoria na qual eu estou. Posso ter um fim de semana em que há várias categorias e, portanto, há vários diretores de corrida e cada um toma conta da sua categoria. As decisões são sempre tomadas pelo diretor de corrida da categoria em questão, mas tudo é feito em acordo com o diretor de prova", explicou numa entrevista ao "Jornal de Negócios", em fevereiro de 2020.
Nos tempos livres, Eduardo gosta de passear o cão - a mulher chama-lhe Romeu, ele Alfa, fica nome de carro - e levar o neto às corridas de kart, especialmente dos mais novos. "Adoro aquela pureza, a inocência de certas manobras", diz na mesma entrevista ao "Negócios". E foi no kart que tudo começou, dentro e fora de pista.
"Quando me meti nos automóveis, a minha mulher chegou à conclusão que a única maneira de estarmos juntos era ir para os automóveis comigo e então fez-se comissária de pista", recorda. Conheceram-se em 1976. Eduardo jogava badminton no Dramático de Cascais e a mulher fazia ginástica de alta competição, mas o desporto automóvel arrastou os dois e toda a família. As filhas são comissárias de pista, cargo pelo qual a mulher também passou, antes de subir a chefe de posto.