A última jornada teve, no total, 34 golos marcados, registo só superado em junho de 2020. Manuel Machado aponta para uma "alteração da ideia de jogo".
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A 11.ª jornada da Liga trouxe emoção, casos e golos. Muitos golos. Com 34 tiros certeiros, esta foi a ronda em que os adeptos se levantaram mais vezes das bancadas para festejar, tendo superado a terceira jornada, com 27 golos. Na mesma ronda, a Liga portuguesa conseguiu ter mais tentos do que os principais cinco campeonatos europeus, mesmo tendo menos equipas.
Enquanto que em Portugal se marcaram 34 golos - quase metade aconteceram no Boavista Famalicão (2-5) e no Benfica-Braga (6-1), aliás só o Belenenses SAD e o Paços de Ferreira não marcaram - na Premier League, que conta com 20 equipas, marcaram-se apenas 20 golos. Com cenários idênticos, em Espanha registaram-se 30 tentos, em Itália 29 e na liga francesa houve 30 tiros certeiros. Na Alemanha, que também conta com 18 clubes, houve 21 golos.
Para encontrarmos números parecidos na Liga portuguesa, é preciso recuar algum tempo. Na última vez que houve um registo semelhante foi na última ronda, na época passada, em que se marcaram 32 golos. Antes disso, a anterior marca remonta a junho de 2020, à época 2019/20, - devido à pandemia de covid-19, ainda se disputava o título - com 37 tiros certeiros.
Este registo até pode ser circunstancial mas, para o treinador Manuel Machado, pode ser sinal que o sistema de jogo no campeonato português está a mudar.
Há uma alteração da ideia de jogo
"Não é uma jornada fora da normalidade que determina se as equipas estão mais ofensivas ou não, mas é uma pequena amostra. Ainda assim, o que eu acho pelas jornadas já disputadas, a questão do jogo em termos ofensivos cresceu um pouco. Aquele futebol de construção baixa e de muito jogo de posse, muito neutralizada e até com fundamentos constantes próximos para o guarda-redes, está menos frequente. O que me parece um bom indício. Há um futebol mais vertical, a chegar com mais frequência à área do adversário, o que leva a um maior número de momentos de finalização e, por consequência golos", explica o técnico ao JN, falando mesmo num futebol mais "incisivo".
Há uma alteração da ideia de jogo. A ideia de jogo das últimas épocas, baseado nas ideias de Guardiola, na época em que estava no Barcelona, foi seguida por muitos clubes, inclusive no nosso campeonato, e levou a um futebol de muita posse. O que se nota neste momento é que há uma evolução de deixar isso para trás e voltar ao futebol incisivo. Já se vê os guarda-redes a bater os pontapés de baliza e a sair de bola longa e a pôr a equipa a jogar em segunda bola. Um modelo mais incisivo e vertical", concluiu.
F. C. Porto com melhor ataque
Ainda no que a golos diz respeito, é a equipa de Sérgio Conceição que mais vezes acerta na baliza. O F. C. Porto tem o melhor ataque, com 28 golos - Luis Díaz até lidera a lista de melhores marcadores, com nove tentos - e é também o clube com mais goleadas, com quatro.