Maurizio Zamparini é o presidente de clube que mais treinadores despediu desde 1987. Esta época já foram dois
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São tantos que já lhes perderam a conta. Uns dizem que são à volta de 50, outros garantem ser mais de 60, mas o ponto aqui é que são mesmo muitos os treinadores que Maurizio Zamparini mandou dar uma volta - alguns mais de uma vez -, desde que meteu na cabeça a ideia de ser presidente de clubes. Nesta época, já foram dois os que se juntaram a um muro das lamentações que começou a ser erguido em 1987, nas profundezas do futebol italiano. Num apelo ao humor negro, há quem lhe chame Hannibal Lecter, alcunha sustentada pelo apetite voraz para despedir treinadores.
Natural de Bagnaria Arsa, uma pequena comuna de Udine, Maurizio Zamparini lançou-se neste pecúlio muito particular quando, não muito longe dali, o Veneza asfixiava em dívidas. Dono de uma fortuna bem simpática, conquistada através dos mais diversos negócios relacionados com o imobiliário, este filho dos inícios da década de 1940 viu no clube do terceiro escalão a oportunidade de erguer um novo império. Desafogou-lhe as contas, mudou-lhe o nome e levou--o até aos píncaros do Calcio. Mas também foi lá que começou a dar asas à impaciência: Ferruccio Mazzola teve a honra de inaugurar a lista histórica.
O apogeu desta febre "zamparinista" começou em 2002, ano em que vendeu o Veneza e se tornou dono do Palermo. Com o despedimento de Roberto De Zerbi, no início da semana passada, contam-se em 39 as mudanças no comando técnico que este clube da Sicília conheceu desde que está nas mãos de Maurizio Zamparini, uma média de quase três treinadores por época. E nem a idade o amansou. Pelo contrário. É que nunca como na época passada houve tanto corropio no banco do Palermo: ao todo, foram... sete mudanças de treinador, sendo que Iachini fez a viagem de ida e volta. E de ida outra vez.
Mas nem só de maus resultados se explica esta compulsividade crónica. O avô Maurizio já admitiu meter-se no trabalho dos treinadores, "aconselha-os" a pôr determinados futebolistas a jogar, dá o dito por não dito na constituição dos plantéis e é conhecido por mandar recados pela Imprensa, com direito a insultos e tudo... E com o Palermo no último lugar da Série A, está bom de ver que há mais rescisões prontinhas a sair.