Corinthians de Vítor Pereira e Palmeiras de Abel Ferreira defrontam-se no Brasileirão, num jogo sempre bem quente.
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É das maiores rivalidades no mundo, que muitos consideram ficar apenas atrás daquela entre o River Plate e o Boca Juniors, na Argentina. Corinthians e Palmeiras defrontam-se este sábado (23 horas/Canal 11) em mais um duelo quente para o Brasileirão (22.ª jornada), com a particularidade de ter um toque bem português, ou não fossem as equipas de Vítor Pereira e Abel Ferreira, respetivamente, e as principais favoritas à conquista do título.
A concorrência entre os dois clubes surgiu há mais de cem anos, quando ainda não havia televisão e muito menos internet ou redes sociais, hoje tantas vezes palco para provocações. O "Timão" e o "Verdão" até começaram unidos - eram os únicos clubes de São Paulo criados pela classe operária -, mas tudo mudou em maio de 1917, quando disputaram o primeiro "Dérbi Paulista", termo usado pelo jornalista italiano Thomaz Mazzoni, numa referência à corrida de cavalos mais famosa do mundo, o "Dérbi de Epsom", em Inglaterra.
Nesse jogo que ficou marcado para a eternidade, o Palmeiras surpreendeu e levou a melhor, ao triunfar por 3-0, com três golos de Caetano, na altura com 20 anos, pondo fim à invencibilidade do "Timão" que durava havia 25 jogos. Estava dado o primeiro passo para a rivalidade, atiçada graças a um adepto e a um... osso.
Em maio de 1918, conta-se que antes do dérbi nesse mesmo ano, os jogadores do Corinthians almoçavam tranquilamente num restaurante quando um adepto, alegadamente do "Verdão", atirou um osso através do vidro com uma nota: "O Corinthians é canja para o Palmeiras". Facto é que, depois do jogo, que terminou empatado 3-3, e no qual o Palmeiras esteve a perder por duas vezes, o "Timão" respondeu à piada, afirmando que "o osso era para a canja, mas não cozeu por ser duro demais". Tal gesto foi tão marcante para a rivalidade que o mesmo osso continua guardado no museu do clube que é treinado por Vítor Pereira.
Hoje, passados mais de cem anos e 320 jogos - 116 triunfos do Palmeiras e 108 do Corinthians -, os rivais voltam a entrar em ação para o campeonato brasileiro e com mão portuguesa. Enquanto a equipa de Vítor Pereira chega ao duelo com o orgulho ferido, após ter sido eliminada pelo Flamengo da Taça Libertadores - "Um choque de realidade", disse o técnico -, o clube de Abel Ferreira avançou para as "meias" da Champions sul-americana e é líder isolado do Brasileirão, com 45 pontos, mais seis do que o Corinthians. Ou seja, Vítor Pereira está obrigado a vencer para não deixar o rival fugir.