No Open da Austrália, Rafael Nadal defende não só o título conquistado na edição do ano passado, como também a liderança da lista de vencedores de Grand Slams. Novak Djokovic regressa ao seu torneio predileto e espreita a possibilidade de igualar o espanhol neste particular.
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O resultado do sorteio da edição 2023 do Open da Austrália terá deixado meio mundo a sonhar com uma final entre Rafael Nadal e Novak Djokovic, os dois maiores nomes do ténis mundial em atividade e protagonistas de uma corrida particular pela imortalidade na modalidade, que o recordista de títulos do Grand Slam alcançará por aclamação.
Os dois jogadores apenas se poderão encontrar na final do primeiro "major" do ano, que Roger Federer cunhou como "Happy Slam". Ainda que o caminho se adivinhe sinuoso, a possibilidade é real e, a confirmar-se, seria o momento perfeito para desempatar o número de títulos ATP que ambos conquistaram ao longo da carreira. Neste momento, são 92 para cada um.
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À entrada para o torneio, que se realiza entre 16 e 29 de janeiro em Melbourne, Rafael Nadal parte com o estatuto de principal cabeça-de-série, pela ausência do número 1 mundial Carlos Alcaraz, e procurará defender o título conquistado no ano passado, numa final com contornos épicos frente ao russo Daniil Medvedev, por 3-2, após mais de cinco horas de jogo.
O tenista espanhol, que terá um teste exigente com o britânico Jack Draper na ronda inaugural, comanda também a lista de vencedores de torneios do Grand Slam, com 22 títulos, mais um do que Novak Djokovic, sobre quem recaem todas as atenções em Melbourne.
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Um ano depois de ter sido deportado pelo Governo australiano, por não estar vacinado contra a covid-19, o sérvio regressa a um país onde não perde há 34 jogos para tentar conquistar pela décima vez o Open da Austrália.
Djokovic, que abre o torneio frente ao espanhol Caraballes Baena, procura superar um ano traumático, em que foi impedido de disputar todos os torneios disputados em solo australiano e norte-americano, entre os quais os "majors" organizados nos dois países.
Ainda assim, conseguiu vencer em Wimbledon e atenuou a diferença para Nadal, que em 2022 ganhou na Austrália e, claro está, em Roland Garros, tendo mesmo afastado Djokovic nos quartos de final do torneio francês.
Se Nadal e Djokovic centram grande parte das atenções, isso também se deve à ausência do número 1 da hierarquia mundial, Carlos Alcaraz, tido por muitos como a próxima superestrela da modalidade. O espanhol, que venceu o último US Open com apenas 19 anos e é o líder mais jovem de sempre do ranking ATP, está lesionado e é uma baixa de vulto no Open australiano.
Ainda assim, o quadro masculino conta com vários nomes importantes, como Casper Ruud, finalista em Roland Garros e no US Open em 2022, Daniil Medvedev, derrotado na final do ano passado em Melbourne, ou Stefanos Tsitsipas.
Depois, há que contar com o talento do autonomeado candidato Nick Kyrgios, a potência do serviço de Matteo Berrettini, que terá Andy Murray como adversário na ronda inaugural, ou a consistência de Cameron Norrie ou Taylor Fritz, jogadores que podem surpreender os favoritos. Por perceber fica o papel a desempenhar pelo alemão Alexander Zverev, regressado de lesão grave.
A ronda inaugural da prova conta ainda com um interessante duelo entre Andrey Rublev e Dominic Thiem, enquanto o hábil Alexander Bublik medirá forças com Alejandro Davidovich-Fokina.
Portugueses com sorteio complicado
A representação portuguesa no Open da Austrália estará a cargo de Nuno Borges e João Sousa, em singulares, com Francisco Cabral a juntar-se ao vimaranense para disputar o torneio de pares.
O sorteio não foi simpático para a Borges e Sousa, que terão pela frente adversários credenciados na primeira eliminatória da prova. Nuno Borges, 112.º colocado no ranking ATP, defronta o talentoso Lorenzo Sonego, número 44 mundial (segunda-feira, 3.30 horas), enquanto João Sousa (82.º) terá pela frente, na terça-feira, um consistente Roberto Bautista (26.º), que defronta o sul-coreano Kown, este sábado, na final do torneio ATP 250 de Adelaide.
Swiatek num patamar superior no feminino
Na vertente feminina, Iga Swiatek, de 21 anos, parte como principal favorita à conquista do primeiro "major" da temporada. A polaca, que lidera o ranking WTA de forma incontestada, com mais do dobro dos pontos da segunda classificada Ons Jabeur, viveu um ano de 2022 incrível, ao longo do qual venceu Roland Garros e o US Open, para além de ter estado 37 jogos consecutivos sem perder, o melhor registo neste milénio.
A ascensão de Swiatek deu-se após o abandono inesperado da australiana Ash Barty numa altura em que liderava o ranking mundial. A ex-tenista, de 25 anos, é mesmo a detentora do título do Open da Austrália, o último da carreira, tendo vencido, na final do ano passado, a norte-americana Danielle Collins, que tinha afastado Iga Swiatek na meia-final do torneio.
Apesar do favoritismo que lhe é atribuído, a tenista polaca terá de se exibir ao seu melhor nível para confirmar o estatuto. À espreita estão a talentosa Ons Jabeur ou a prodígio Cori Gauff, de apenas 18 anos, que Iga Swiatek bateu na final de Roland Garros, no ano passado.
Juntam-se-lhes a grega Maria Sakkari, a norte-americana Jessica Pegula, que aplicou um duplo 6-2 a Swiatek na recente United Cup, ou a cazaque Elena Rybakina, vencedora do último torneio de Wimbledon, entre outros.
Fora desta corrida estará a japonesa Naomi Osaka, antiga número 1 do mundo, que vai falhar todo o calendário de 2023 por estar grávida.
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Ténis nas bocas do mundo
Este ano, o Open da Austrália vai bater o recorde no que toca ao valor total dos prémios monetários, que se fixam nos 48,3 milhões de euros.
Ao contrário do que aconteceu no ano passado, espera-se que o torneio decorra sem condicionalismos no que toca à covid-19. Mesmo que os atletas testem positivo ao novo coronavírus, não serão afastados da competição.
O Open australiano acontece numa fase de grande mediatismo em torno da modalidade. A Netflix estreou o documentário "Break Point", que conta com vários nomes importantes da modalidade, como Nick Kyrgios, Matteo Berrettini, Maria Sakkari ou Ons Jabeur.
Noutra vertente, a Kosmos, empresa que é detida pelo antigo futebolista Gerard Piqué, abandonou o projeto de reformulação da Taça Davis, que em 2023 será organizada em exclusivo pela Federação Internacional de Ténis (ITF), uma notícia com repercussões ainda por esclarecer, tanto na competição como na própria modalidade.