Os leões celebraram o primeiro bicampeonato em 73 anos, após uma época que começou serena, mas que teve momentos atribulados após a saída de Ruben Amorim para o Manchester United. Os golos de Gyokeres, a eficácia de Hjulmand, a irreverência de Quenda e a cérebro de Trincão mostraram o caminho do sucesso.
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Viktor Gyokeres: instinto fatal para o golo
A grande figura do Sporting e do campeonato português nesta temporada. Com a camisola dos leões, marcou, em média, mais de um golo por jogo, o que levou o treinador Rui Borges a considerá-lo o melhor avançado da Europa. Na última época, foi essencial na conquista da Liga e quando se pensava que era impossível atingir patamares mais elevados, conseguiu melhores exibições e mais golos nesta temporada, contribuindo para a conquista do bicampeonato. O futebolista, de 26 anos, é uma força da natureza e, como prova disso, ultrapassou uma lesão nos adutores entre janeiro e fevereiro sem deixar de competir, mesmo que o problema lhe tenha diminuído a veia goleadora. A partir de março, tornou-se uma máquina de golos e foi importante na conquista do título. A sua influência não se resumiu às quatro linhas, pois fora do campo mostrou-se um líder, a incentivar os colegas nos momentos mais difíceis.
Morten Hjulmand: trave mestra segurou o miolo
Se Gyokeres foi a identidade do Sporting, Hjulmand foi a alma. O dinamarquês, de 25 anos, revelou-se um líder no campo, possibilitando os equilíbrios necessários na zona intermédia. Em agosto de 2023, foi contratado ao Lecce, a troco de 18 milhões de euros, e conquistou rapidamente os colegas e o treinador de então, Ruben Amorim, que o promoveu a capitão, apesar de estar nesse momento a chegar ao clube. Nas últimas duas épocas, provou ser um jogador completo e imprescindível à equipa, revelando-se crucial no roubo de bolas e na sua circulação. Em Braga, foi importantíssimo na reviravolta que permitiu a Ruben Amorim sair do Sporting com uma vitória. Tal como o colega sueco, é um dos grandes responsáveis pelo título, mostrando sempre uma enorme ambição e nunca hesitando em apontar o caminho aos colegas, mesmo quando a equipa não estava ao melhor nível.
Geovany Quenda: classe em época de explosão
Em apenas nove meses, a vida de Quenda, que completou 18 anos no fim de abril, mudou radicalmente e transformou-se num dos heróis do bicampeonato. A 3 de agosto de 2024, na Supertaça, estreou-se pela equipa principal pela mão de Ruben Amorim e, desde aí, tornou-se um importante pilar no ataque. Deu tanto nas vistas, que acabou por assinar contrato pelo Chelsea, em março, num negócio de 52 milhões de euros. Em campo, foi um dos melhores jogadores do Sporting e até uma das figuras do campeonato, graças a um estilo de jogo contagiante. Deu ritmo à equipa, ajudando a suplantar a ausência por quase cinco meses de Pedro Gonçalves, e também injetou improviso frente a equipas muito fechadas defensivamente. Nota curiosa: foi utilizado, sem exceção, em todos os jogos do campeonato, a maioria na condição de titular, o que demonstra bem como se tornou uma peça importante.
Francisco Trincão: decisivo na Luz deu muita alma
Não é unânime, e provavelmente nunca o será, no universo sportinguista, devido ao estilo e às oscilações de forma, mas o internacional português, de 25 anos, encheu o campo neste campeonato, com muitas exibições de gala e golos importantes. Na memória, os golos do empate do Sporting com o Vitória, em Guimarães, aos 90+5 minutos, e frente ao Arouca, em Alvalade, duelos tremendamente complicados em que a sua classe ajudou a diminuir danos. Ou ainda o golo determinante na Luz, na penúltima jornada da Liga. Além disso, notabilizou-se ainda pela capacidade de fazer assistências, sobretudo nos jogos mais difíceis. Entre os jogadores do Sporting, foi o mais utilizado na Liga e um dos que inspiraram mais cuidados aos adversários. No espaço de um ano, Trincão ergueu dois troféus, a prova inequívoca de que a sua aquisição ao Barcelona, por dez milhões, foi uma aposta ganha.