Nikita Simonian, vice-presidente da Federação Russa, teme as consequências do afastamento das provas europeias.
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As pessoas ligadas ao futebol acreditam que é ele que mexe os cordelinhos da modalidade neste imenso país, como vice-presidente da União de Futebol da Rússia. Admiram-no e respeitam-no. Veem nele um homem trabalhador e competente. É a imagem de Nikita Simonian, 95 anos, vice-presidente do organismo, antigo jogador do Spartak Moscovo e internacional pela ex-União Soviética, sagrando-se campeão europeu em 1960
O JN encontrou-o no seu gabinete na Praça Taganskaia, no coração de Moscovo. Queríamos saber, entre outras coisas, o que pensa ele das sanções que afetam o futebol russo, arredado de todas as competições internacionais, tanto a nível de clubes como da seleção. "As sanções tiveram e terão consequências. Por exemplo, deixamos de ter acesso à experiência da organização de provas internacionais, como campeonatos europeus e mundiais e à acumulação dos conhecimentos neste domínio. O facto de sermos afastados de tudo isto não pode deixar de refletir-se no desenvolvimento do nosso futebol", explicou.
Na mesma linha, diz, contudo, não acreditar que as sanções conduzam a uma perda da competitividade. "Não, as equipas russas vão entrar em campo, nas competições internas, com a mesma vontade de ganhar, mesmo sabendo que lhes foi negada a possibilidade de se baterem contra equipas estrangeiras, o que para elas é aliciante. Estou confiante que o futebol russo resistirá a mais este desafio".
O diálogo também descaiu para o lado dos futebolistas que podem ver as carreiras afetadas. "Claro que os nossos jogadores profissionais podem ser prejudicados, sobretudo, no fecho de contratos com clubes estrangeiros. Perdem a possibilidade de se mostrarem lá fora e, consequentemente, a possibilidade de serem abordados. Pode ser que a visão dos clubes estrangeiros mude com o tempo, mas, para já, o nosso campeonato ficou sem bons jogadores, que regressaram aos seus países".
Poderá a situação vivida exigir uma alteração das competições russas? "Não, creio que não. O futebol na Rússia teve, tem e prosseguirá a sua história", é a convicção de Nikita Simonian.
No final, recordou Eusébio e a amizade deste com Lev Yashin, um dos melhores guarda-redes da história. "Eusébio foi convidado para um torneio de futebol que organizámos em Moscovo. Pediu-me, então, para o levarmos ao cemitério onde repousava Yashin. Fui eu que o acompanhei. Isto demonstra a amizade que ele nutria pelo nosso jogador, amizade que foi recíproca".