Pela quarta vez na história, Portugal conquistou uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Aconteceu em Pequim, na China, no verão de 2008 e novamente no atletismo. Depois de Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro, Nélson Évora garantiu a medalha mais desejada no "Ninho de Pássaro", com um ensaio de 17,67 metros, na quarta tentativa, no triplo salto. O atleta português de origem cabo-verdiana, então com 24 anos, seria o único vencedor luso na competição, sendo que Vanessa Fernandes, na mesma altura, seria a segunda (prata) no triatlo feminino.
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O triunfo de Nélson Évora veio mesmo a calhar, pois serviu para "disfarçar uma participação na capital chinesa que estava a ser muito abaixo do esperado", escreveu então, no JN, o enviado Nuno Amaral.
"17.67 DE OURO", foi a manchete do nosso jornal, no dia seguinte ao triunfo de Nélson Évora em Pequim, numa referência ao registo que permitira ao atleta luso alcançar a medalha de ouro, vencendo o concurso de triplo salto e tornando-se o quarto campeão olímpico português.
O "saltador com nervos de aço", como lhe apelidou o JN, foi de "lágrimas nos olhos que saltou pela última vez nos Jogos de 2008". Antes, já mostrara ter o "estofo necessário para ganhar o título olímpico. No primeiro dos últimos três saltos permitidos, explodiu para uma marca de 17,67 metros, então a melhor do ano do atleta, que ficou apenas a sete centímetros do recorde pessoal.
Nélson Évora juntou-se aos consagrados Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro, garantindo a medalha que desejara no "Ninho de Pássaro"
"Nem a chuva que caiu antes da final impediu Évora de fazer um concurso de altíssimo nível. Tê-lo-á impedido de bater o recorde pessoal de 17,74 metros, conforme tinha planeado", sem que isso tenha impedido a conquista do ouro olímpico.
"Meti na cabeça que ia ganhar", podia-se ler no interior do jornal, numa declaração do atleta luso sobre o triunfo em Pequim. "O campeão falou da poesia do triplo salto para descrever o orgulho pelo triunfo", relatou o JN, acrescentando a dedicatória da vitória ao pai, que se encontrava doente. "Adoro a dinâmica e a poesia dos três saltos", realçou, na ocasião, Nélson Évora, que, como prémio, recebeu 30 mil euros. "O dinheiro que ganhar será bem usado (...). Mas o que quero agora é festejar e estar com quem mais gosto", frisou.
Já em Odivelas, no prédio onde Nélson Évora vivia com os pais desde os cinco anos, o JN testemunhou, junto da família e vizinhos do atleta, o "orgulho" pelo triunfo em Pequim. "Ele está de parabéns porque trabalhou muito para isso", disse, ao JN, Élida Évora, mãe do então novo campeão olímpico.