João Palhinha falou sobre os trabalhos da seleção nacional, do bom momento vivido no Tottenham, da veia goleadora e afirmou que o grupo espera garantir a qualificação "assim que possível".
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No regresso aos trabalhos da seleção portuguesa, João Palhinha falou aos jornalistas, em Oeiras, na Cidade do Futebol, sobre o grupo de trabalho e o estado anímico perante uma qualificação eminente para o Mundial de 2026.
"Antes de mais, está como sempre motivada para garantir assim que possível essa tal qualificação, que é o nosso objetivo. Vamos ter dois jogos em nossa casa, o que também é especial para todos. É sempre uma emoção diferente quando jogamos no nosso país, na nossa casa. Queremos a qualificação o mais depressa possível e, se pudermos já garanti-la e festejar todos juntos, esse é o cenário ideal", começou por dizer, antes de olhar para um possível regresso à titularidade de quinas ao peito.
"Acredito sempre que posso começar de início. O meu trabalho na Seleção, independentemente de jogar mais ou menos, estou sempre preparado para quando for chamado. Dou sempre o meu máximo nos treinos, acho que toda a gente que está comigo e me conhece bem sabe também a minha dedicação. Espero a oportunidade como sempre. Agora estou preparado se for chamado e, se não for, também estarei. Obviamente que como jogador quero sempre jogar e ter essas oportunidades, mas depois é uma escolha do mister, cabe ao mister decidir quem está mais preparado para começar o jogo. Resta-me a mim mostrar isso nos treinos", considerou.
O médio defensivo, de 30 anos, viveu um período difícil na Alemanha, onde teve poucos minutos na Baviera e olha para esta fase no clube um pouco como resultado para a falta de minutos na seleção portuguesa.
"Tenho essa noção, eu próprio sinto isso. Talvez tivesse um bocado a ver com a situação que vivi no Bayern, não há que estar com rodeios. Acho que o momento na Seleção, normalmente, pelo menos acho que não foge à regra, vive muito do que vivemos nos clubes, a verdade é essa. A época passada não foi fácil para mim, especialmente com a lesão que tive aqui na Seleção. Depois não tive as oportunidades que acho que merecia quando já tinha recuperado. E talvez tivesse impacto nos minutos na Seleção. Quando estamos a jogar e estamos bem nos clubes, é mais fácil ter os minutos aqui. Mas, tal como disse antes, são fases. As nossas carreiras vivem de fases. Agora também estou a atravessar uma fase muito feliz da minha vida, novo clube, novo projeto. Esta liga não é nova para mim. É como digo o futebol, e a vida em geral, é muito momentâneo. Resta-me a mim aproveitar estes momentos e, se forem dadas essas oportunidades, tentar usufruir ao máximo", atirou, considerando que o grupo está mais motivado que nunca.
"Sobretudo agora, e obviamente também não por conquistar a Liga das Nações e vitórias atrás vitórias, isso traz muita confiança à equipa. Estamos a atravessar uma fase em que olhamos para o lado e sentimos a confiança do colega que está ao nosso lado, sentimos a qualidade. Essa qualidade sempre esteve presente, há larguíssimos anos, mas sentimos também que o espírito e a união estão acima do que aconteceu no passado. Talvez fosse isso que faltasse em momentos. Noto uma Seleção muita unida e com muita fome de ganhar títulos. Estamos muito motivados, não só os jogadores mas também o staff. Acima de tudo, é muito sobre isto", acrescenta.
A nova época trouxe um novo desafio no Tottenham, numa liga que bem conhece e onde tem sido opção regular de Thomas Frank.
"Sinto a confiança total das pessoas que me quiseram levar para o Tottenham, neste caso o treinador, que foi o principal responsável, como já o disse. Quando sentimos esta confiança e somos desejados num sítio, acho que é onde devemos estar. Tomei esta decisão muito facilmente. Não só por ser a Premier League, mas por sentir a vontade do outro lado em trabalhar comigo. E estas oportunidades estão a fazer-me mostrar do que sou capaz de atingir. E, portanto, estou muito feliz e contente com este novo desafio e só quero desfrutar. E neste espaço da Seleção poder voltar a desfrutar de todos os minutos que assim tiver", atirou.
"Sou o mesmo João desde de 2020"
Ao olhar para este ano atribulado e os elogios de Roberto Martínez após a conquista da Liga das Nações, João Palhinha considera que o compromisso com a seleção sempre esteve lá, apesar de as oscilações das fases.
"Já posso dizer que estou aqui há uns bons anos na seleção, felizmente, e é uma coisa que me deixa muito orgulhoso. Sempre tive fases diferentes em quase todos os momentos que estive aqui, já vão em cinco anos se não me engano. É sinal também do compromisso perante este grupo. Sempre que sou chamado, é sempre um orgulho voltar a casa e representar o nosso país. Vocês sabem as caraterísticas que me enquadram enquanto jogador e sabem o que posso acrescentar. Uma coisa boa que temos, vou falar mais do meio-campo, todos os jogadores têm caraterísticas muito diferentes. Eu, o Vitinha, o João Neves, o Bruno e o Bernardo. Acho que cada um de nós podemos acrescentar coisas muito diferentes e isso ajuda à competitividade e é uma mais-valia para o treinador. Sou o mesmo João desde 2020, com a mesma fome de ajudar a Seleção ao máximo possível. Isso sempre esteve presente", garantiu.
Quanto à Irlanda, a próxima adversária, a análise ainda vai ser feita, mas de antemão têm na memória bem presente o triunfo há quatro anos, no Algarve, num encontro em que as quinas até começaram a perder e resgataram os três pontos mesmo ao cair do pano.
"Ainda não tivemos tempo de analisar. Conheço alguns jogadores porque há muitos a jogar em Inglaterra e em boas equipas. Portanto, vai ser sempre um jogo difícil. Essa análise vai começar hoje, porque só hoje estamos a começar o estágio e, portanto, vamos focar-nos totalmente neste jogo com a Irlanda. É uma seleção que conhecemos bem, já os defrontámos anteriormente. Se nos formos a relembrar, naquele jogo no Algarve, em que tivemos em desvantagem e depois conseguimos empatar, não foi nada fácil. Espera-nos um jogo difícil, como temos tido, e vamos analisar o máximo possível hoje e nos próximos dias para estarmos preparados", disse o internacional português.
Por fim, João Palhinha falou da nova faceta de golo, assumiu, em parte, e com boa disposição, que talvez a emoção duplique por não estar tão habituado a celebrar.
"A emoção que tenho quando marco um golo diz muito da minha emoção e do que vai dentro de mim quando consigo realizar um golo. Tenho três golos, mas espero ter bem mais daqui a uns bons meses, também estipulei essa objetivo pessoal para esta época, poder fazer bem mais do que tenho feito nos últimos anos. Mas não me foco muito nisso. É um sinal claro do trabalho que tenho vindo a fazer. A maneira efusiva vai muito de encontro às emoções que tenho dentro de mim. Venho de uma época muito difícil a nível pessoal e talvez tenha festejado de uma maneira ainda mais efusiva por muitas das coisas que tinha guardadas cá dentro. Poder dedicar cada momento de sucesso aos meus filhos, especialmente. É o primeiro pensamento que tenho. O facto de ser tudo junto, acho que me leva a festejar de tal forma cada momento desses", rematou.