Já se sabe de cor e salteado: Pelé é o único tricampeão mundial da história (1958, 1962, 1970) e o único a marcar de cabeça em duas finais. É obra. Recuemos agora até 30 Outubro 1970, dia em que termina o contrato de um determinado Edson, no Santos.
Corpo do artigo
Sim, escrevemos o seu nome próprio porque ele era efectivamente o Edson Arantes do Nascimento, o cidadão, e não o Pelé, o rei do futebol. Pelo menos, na hora de receber o salário mensal: 5000 cruzeiros, qualquer coisa como 1959 euros.
Entre Outubro 1969 e Outubro 1970, período em que marca o milésimo golo, e se sagra tricampeão mundial pela selecção brasileira, o genial Pelé leva uma vida economicamente modesta. Quer dizer, com esse dinheiro poderia comprar cinco televisões topo de gama da Philips de 23 polegadas, dar uma prestação de 16 para um apartamento T3 no bairro mais nobre em Santos ou dar entrada para um Carocha novinho em folha, o carro mais popular do Brasil.
Posto isto, é difícil (tentar) explicar aos mais velhos como os mais novos têm agora condições para comprar tudo em dinheiro com um simples ordenado. É outra realidade, totalmente descabida, relacionada com o descontrolo económico de um desporto em que os limites serão diariamente estabelecidos e sempre ultrapassados com televisão, marketing e publicidade.
Por falar nisso, Pelé é, isso sim, o rei da publicidade, com uma marca de café com o seu nome, mais anúncios a tudo e mais alguma coisa (Pepsi, por exemplo). Daí que recebesse luvas de 3822 euros por mês. Ou seja, quando Pelé marca o milésimo golo da sua carreira, recebia 5181 euros do Santos. Ou seja (parte 2), Pelé ganha bem para um cidadão comum brasileiro naquela altura, e mal para os padrões futebolísticos actuais. Os cálculos destes valores reforçam a ordem de grandeza, válida para provar que hoje os grandes jogadores, infinitamente menos craques que o Rei, recebem infinitamente mais.