Pepe levantou a primeira Taça da Liga portista e destaca o mérito do treinador e de quem joga menos.
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A menos de um mês de celebrar o 40.º ano de vida, o currículo de Pepe está cada vez mais rico. Com um palmarés absolutamente impressionante - um Campeonato da Europa e uma Liga das Nações por Portugal, três Champions, dois mundiais de clubes, uma Taça Intercontinental, uma Supertaça Europeia, quatro campeonatos portugueses e três espanhóis, além de 13 taças e supertaças nos dois países da Península Ibérica -, havia, porém, uma pedra no sapato do central. Tal como o F. C. Porto, faltava a Taça da Liga, mas a maldição que se criou após quatro finais perdidas chegou ao fim no Municipal de Leiria, onde o central partilhou com o JN as emoções do duelo com o Sporting.
Qual a sensação de conquistar, finalmente, a Taça da Liga?
Feliz. Estou muito feliz porque conseguimos um objetivo que tínhamos traçado para esta época. Feliz pelos meus companheiros, porque souberam valorizar esta competição. Tenho de lhes dar os parabéns, porque eu estive no Mundial [juntamente com Diogo Costa e Otávio] e, enquanto estávamos no Catar, víamos os jogos da fase de grupos e a seriedade que eles sempre demonstraram foi verdadeiramente impressionante e fundamental para este sucesso.
Tem um sabor ainda mais especial por ser algo que faltava no museu?
É verdade. Estou muito contente também por este ser o primeiro título do nosso clube, entrámos para a história do F. C. Porto. Este grupo merecia, porque além de ser constituído por bons jogadores são grandes seres humanos, com um espírito enorme e uma fome de vencer muito grande.
Num clube com tantas conquistas, quão importante era fazer o pleno dos troféus nacionais?
Muito e, na verdade, já era um pouco estranho não termos a Taça da Liga. Mas as coisas não acontecem por acaso e não é por acaso que nosso mister bateu o recorde de títulos no clube. Está muito bem entregue, porque entra para a história do clube: o treinador tem muito mérito nisso, porque sabe gerir, muito bem, o que nós somos como jogadores, como seres humanos e também como pais de família. Ele é um de nós, faz com que acreditemos mesmo nos momentos difíceis, porque os há. Numa época tão longa há sempre momentos difíceis. Um jogador que não joga tanto tem de continuar a acreditar que o trabalho dele é tão importante para o grupo como o de qualquer outro. E ele [Sérgio Conceição] conseguiu isso, por isso merece mesmo muito este título.
Como analisa a final?
Demonstrámos que queríamos ganhar desde o primeiro minuto, tivemos de saber sofrer, como eu avisei na antevisão da final, porque o Sporting é muito boa equipa. Mas percebemos depressa o que tínhamos de fazer, aquilo que o jogo estava a pedir. Tivemos mérito de marcar cedo e, depois, conseguimos controlar.
O F. C. Porto teve de sofrer, sobretudo na primeira parte...
É verdade. É normal, depois de marcarmos um golo tão cedo e até pelas finais que não ganhámos - e se calhar merecíamos -, contra o Sporting. Tivemos mérito no golo, mas, sim, depois a equipa teve de baixar as linhas e ficámos à espera da oportunidade de lançar um contra-ataque, tivemos algumas chances, mas não definimos tão bem o que nos poderia ter permitido matar o jogo logo na primeira parte. Mas também foi o que já disse: soubemos o que o jogo estava a pedir, fomos uma equipa madura. Era óbvio que o Sporting ia carregar um pouco mais, mas soubemos sofrer e, ao intervalo, o mister corrigiu o que tinha a corrigir e a segunda parte foi completamente diferente. Tivemos mais bola, explorámos muito as costas da defesa do Sporting e tanto assim foi que conseguimos marcar o segundo golo, que se calhar até podia ter surgido mais cedo. Mas tínhamos o jogo completamente controlado.
O clássico voltou a ter momentos de tensão. Como analisa o que se passou?
Não posso falar muito porque ainda não vi as imagens, mas é normal. O Ruben Amorim disse, na antevisão, que o Sporting tinha de encarar o jogo com muita agressividade e nós somos uma equipa muito pressionante, que tenta apanhar o adversário logo na primeira fase de construção. Por isso, é natural que surjam momentos mais quentes. Mas, pronto, acabando o jogo as coisas ficam por ali. O mais importante é que foi um duelo muito interessante, entre duas excelentes equipas e foi um pouco à imagem do que é um clássico, uma final. Tem de ser, tem de ser, é assim: desde que tudo acabe quando o árbitro apita para o final do jogo, e se não levarmos os problemas para fora de campo, está tudo bem. Somos jogadores e defendemos os nossos interesses, tal como os atletas do Sporting.