Aos 25 anos, o atacante brasileiro Pepê está a viver uma fase de sonho. Logo no seu primeiro ano no futebol europeu, pela porta do F. C. Porto, sagrou-se campeão nacional, superando as naturais dificuldades de adaptação num campeonato que só conhecia pela televisão.
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Deslumbrado com a magnitude dos festejos do título na Cidade Invicta, Pepê, que vê em Luis Díaz um exemplo, como adiantou em entrevista ao JN, quer voltar a provar essa adrenalina de mais uma festa, ainda este mês, com a conquista da Taça da Portugal.
Qual o sentimento por ter conquistado o primeiro título ao serviço do F. C. Porto?
É um sentimento único, até por ser no meu primeiro ano na Europa. É a realização de um sonho, e tenho de agradecer a este grupo maravilhoso que desde que cheguei me abraçou de forma incrível, assim como os adeptos. Isso facilitou a minha adaptação para estar à altura do que esperavam de mim. Acho que está a ser o início de uma grande história que quero fazer neste clube.
Além do empenho e trabalho, há outros ingredientes para o sucesso da equipa esta época?
A amizade que temos. Desde que cheguei senti-me em casa, entrei nas brincadeiras, e senti a união no balneário. Além do trabalho, essa união foi fundamental para a caminhada que estamos a fazer. Temos de manter esse empenho para o difícil jogo da Taça que temos pela frente, mantendo os pés no chão, porque queremos conquistar esse título.
Garantir o título com uma vitória no Estádio da Luz deu ainda mais sabor aos festejos?
Tenho que dizer que sim, que foi muito saboroso. Sabemos da rivalidade que existe e comemorar o título na casa deles foi um momento incrível. Mas nós trabalhámos muito ao longo do ano para o conseguir fosse onde fosse.
Ter o presidente Pinto da Costa a festejar convosco um título no balneário é algo que nunca mais se esquece?
Foi incrível ver um presidente com 40 anos de liderança, que já ganhou tanta coisa, estar sempre connosco. Ter festejado junto de nós é mesmo algo que fica para toda a vida. Foi muito bom poder dar-lhe mais esta alegria.
É possível festejar este título, e estar já com concentração máxima na final da Taça?
Não é problema, vamos aproveitar ao máximo este momento de alegria, que vai durar o que o míster nos quiser dar [risos]. Mas, assim que voltarmos aos treinos, será foco total no jogo que falta do campeonato, porque queremos superar o recorde de pontos, e claro vencer a Taça da Portugal.
Até porque, se não regressarem bem, o Sérgio Conceição vai cobrar...
Vai sim, o míster cobra bastante [risos]. Sei que nos vai deixar festejar um pouco, mas depois irá exigir o máximo e temos de corresponder.
Sente que a conquista da Taça seria a cereja em cima do bolo para abrilhantar esta época?
Sem dúvida, até porque queremos retribuir com mais um título todo o carinho que sentimos dos adeptos. Fazer a dobradinha seria perfeito, e garanto que vamos deixar tudo em campo para o conseguir.
O Sérgio Conceição já elogiou a forma como se adaptou ao futebol europeu. O que aprendeu com ele durante este período?
Desde o primeiro dia que cheguei, tanto ele, como com a restante equipa técnica e os companheiros, aprendi. Têm-me ajudado bastante na adaptação. Sabia que ia ser um pouco difícil, mas com os ensinamentos que me passaram foi algo natural. Posso dizer que o Sérgio Conceição é uma dos maiores responsáveis por tudo de bom que me aconteceu nesta fase da vida.
Sendo um extremo, quais foram as exigências para se afirmar também como defesa direito ?
Qualquer jogador que representa um clube como a grandeza do F. C. Porto tem de estar preparado para dar o seu contributo, independentemente da posição onde joga. Esforcei-me ao máximo para responder à altura e aproveitei para aprender novas coisas para o meu futebol, que me fizeram evoluir.
O percurso feito pelo Luis Díaz no F. C. Porto é uma inspiração?
O Luis é um craque. Um grande jogador que merece estar a viver essa nova fase da sua carreira. A superação que ele tinha nos jogos e nos treinos é um espelho para mim. Só espero ter o mesmo sucesso dele no F. C. Porto.
Ser chamado para a seleção brasileira é um sonho?
É um sonho de criança, tal como estar num campeonato do Mundo. Mas sei que isso vai depender do que possa fazer aqui no F. C. Porto, e esse é o maior foco. Tudo o resto virá por acréscimo.
Já recebeu muitas mensagens desde o Brasil pela conquista deste título?
Muitas, especialmente da minha namorada, que não pode estar presente, além do resto da família. Há muita gente no Brasil feliz com esta conquista do F. C. Porto.
Esperava ver a multidão que veio celebrar com a equipa junto ao Estádio do Dragão?
O Otávio já me tinha contado como são as celebrações aqui no F. C. Porto, mas poder presenciar foi ainda mais espetacular. Só espero que se repita mais vezes.
Pensa, por isso, ficar muitos anos no F. C. Porto?
Claro, depois das dificuldades de adaptação, sinto-me bem mais leve e integrado neste futebol. Ser campeão por um grande clube da Europa, logo no primeiro ano, é o sonho de qualquer jogador, mas quero conseguir ainda mais.