O Dakar 2025 aproxima-se e, com ele, a expectativa em torno de pilotos portugueses que vão enfrentar um dos maiores desafios do desporto motorizado. Destaque, nas motos e nos SSV, para António Maio, Bruno Santos, Luís Portela Morais e Rui Gonçalves.
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Organizada pela Amaury Sport Organisation (ASO) a prova decorre, pela sexta vez, na Arábia Saudita, partindo esta sexta-feira de Bisha, junto ao Mar Vermelho, e terminando em Shubaytah, perto do Golfo Pérsico.
António Maio, com uma vasta experiência em ralis todo-o-terreno, prepara-se para o sexto Dakar. O piloto, que compete numa Yamaha WR450 Rally (130 quilos, velocidade máxima de 185km/h e capacidade de combustível de 34 litros), encara a prova como o maior desafio para um motociclista. A exigência física e mental, com etapas de cerca de 800 quilómetros diários durante 13 dias, aliada às condições adversas do terreno e clima, requer uma preparação rigorosa.
Apesar de não ser um piloto profissional, Maio cumpre um plano de treino exigente, com participações em competições nacionais e internacionais, preparação física diária e um plano de alimentação rigoroso.
Integrado na equipa portuguesa Franco Sport, com o apoio da Yamaha Motor Portugal, o piloto conta com uma estrutura que inclui team manager, fisioterapeuta e uma equipa experiente em ralis, além do seu mecânico de longa data, Carlos Nunes, e o apoio de Ricardo Simões.
O objetivo para 2025 é melhorar a prestação do ano anterior, ambicionando um lugar no top 15 da classificação geral e repetir o primeiro lugar entre os pilotos não profissionais.
As maiores dificuldades, segundo o piloto, residem na gestão do esforço e recuperação entre etapas, dadas as longas distâncias e a variedade de terrenos. A obtenção de patrocínios continua a ser um desafio crucial para viabilizar a sua participação.
Consolidar estreia
Bruno Santos, natural de Torres Vedras, regressa ao Dakar após uma estreia promissora em 2024, onde conquistou o segundo lugar no Ranking Rookie e um lugar no Top 30 absoluto. O piloto, com 37 anos, iniciou a sua carreira no motociclismo off-road em 2010 e tem vindo a destacar-se no todo-o-terreno, tendo sido Campeão Nacional de TT Rally Raid em 2018 e 2019 e Campeão Nacional de TT3 em 2023.
A sua equipa, a Momento TT, conta com sete elementos, incluindo assistente pessoal, mecânicos, team manager e fisioterapeuta, com o apoio da X RAID Experience. A preparação para o Dakar 2025 tem sido intensa, com treinos físicos de força, estabilidade, mobilidade, cardio e treinos específicos com a mota.
Bruno Santos antevê uma primeira semana muito dura, com destaque para a etapa de 48 horas e a presença de muita pedra. A segunda semana será marcada pelas dunas do Empty Quarter.
O objetivo do piloto é começar com uma boa primeira semana, apostando na navegação, e procurar um lugar no Top 20. As maiores dificuldades, segundo o piloto, residem na manutenção do equilíbrio mental e motivação ao longo das duas semanas, na gestão do descanso e na prevenção de lesões. Tal como Maio, Santos destaca a dificuldade em obter patrocínios em Portugal.
Quinta participação
Rui Gonçalves vai participar pela quinta vez no Dakar, sempre como piloto oficial da Sherco e logo na estreia, em 2021, foi o terceiro melhor rookie (estreante), acabando no top 20.
Em 2024 caiu e feriu-se no ombro apenas 12 quilómetros depois do início da etapa, sendo transportado de avião para o hospital, onde foi operado uma vez e outra já em Portugal.
"O tempo de recuperação foi longo e estive fora de ação durante pelo menos três meses, mas agora, felizmente, estou em plena forma. Desde então, temos trabalhado arduamente para testar e melhorar a mota, sendo a nossa única corrida deste ano o Rallye du Maroc, em outubro. Esperamos ter um bom par de semanas em janeiro e conseguir juntar todas as peças do puzzle", declarou o piloto.
Desafio nos SSV
Luís Portela Morais participa no Dakar 2025 aos comandos de um G-Ecko Challenger One, um SSV (side by side vehicle) se estreia na competição. A participação foi decidida à última hora, devido a problemas de saúde.
Integrado na equipa G Rally, liderada por Guillaume DeMevius, Morais conta com uma estrutura profissional com o objetivo de vencer o Dakar nos próximos anos.
Apesar da preparação menos ideal, Morais confia na sua experiência e na do seu navegador, David Megre, para ultrapassar as dificuldades. O principal objetivo é terminar o Dakar e conquistar a medalha de "Dakar finisher", idealmente sem grandes sobressaltos.
O piloto prevê uma primeira semana extremamente difícil, com etapas longas e muita pedra, exigindo cautela na gestão do carro e dos pneus. A segunda semana será dominada pelas dunas. A maior dificuldade, segundo o piloto, reside na vertente mental da prova, aliada à sua condição física menos ideal. Morais também destaca a dificuldade em obter patrocínios.