O antigo presidente do F. C. Porto apresentou, este domingo, o livro “Azul até ao fim”, numa cerimónia que decorreu na Alfândega do Porto e durante a qual Pinto da Costa revelou mais pormenores sobre a forma como quer que o funeral decorra. “Quero ser cremado e que as cinzas sejam depositadas no Santuário de Fátima.
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O ex-líder dos dragões foi recebido por largas centenas de pessoas na zona ribeirinha da cidade Invicta, com muitas tarjas dos Super Dragões e potes de fumo a assinalarem a entrada no edifício da Alfândega, com o Centro de Congressos a encher por completo.
Com a presença, entre outros, dos ex-administradores da SAD, Luís Gonçalves, Vítor Baía e Fernando Gomes, do candidato às últimas eleições, Nuno Lobo, da antiga vice-presidente da principal claque azul e branca, Sandra Madureira, do ex-líder do Boavista e da Liga, Valentim Loureiro, e do presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, Pinto da Costa abordou alguns dos temas sobre os quais escreveu em “Azul até fim”.
“Queria agradecer a todos os que aqui vieram. Quando o meu amigo Rui Couceiro disse que tinha alugado esta sala, eu disse que ia ser demasiado grande e depois vão dizer que estava pouca gente. Afinal, a sala está cheia de amigos, de gente que gosta de mim”, agradeceu, visivelmente emocionado, o antigo presidente, revelando que a ideia nem era publicar um livro.
“Comecei a escrever, não para ser um livro mas para mim. Não queria que ninguém soubesse [do diagnóstico de tumor maligno que recebeu], e ainda hoje não sei o que é uma prostatite e toda a gente acreditou menos a minha mulher, que no dia seguinte andou a pesquisar na net. Quem sofre um choque como eu sofri, de ouvir que tinha um tumor maligno, é um choque. Quem passou por isso sabe o que significa, quem nunca passou espero que nunca passe. Decidi escrever para mim, porque era uma maneira de desabafar”, revelou.
“Não tenho do que me queixar. Tinha 84 quando recebi o diagnóstico, hoje estou com 86 e espero fazer os 87 e só tenho de agradecer a deus a vida que me deu, de fazer o que gostava de fazer, estar com quem queria e ter os amigos que queria. A única coisa que peço é que todos durem, pelo menos, até aos 86 como eu”, afirmou, antes de relativizar a morte e destacando alguns pormenores que gostaria de ver no funeral.
“O livro tem momentos de felicidade, momentos mais desagradáveis e decidi terminá-lo com o meu funeral… A capa do livro chocou algumas pessoas e tive de dizer que a escolha foi minha. Para morrer basta estar vivo, não é preciso mais nada. Mas quando já vivemos tanto, devemos encarar a morte não como uma desgraça, mas com naturalidade. A melhor maneira era pôr na capa um caixão, que não é para onde vou. Quero ser cremado e que as minhas cinzas sejam colocadas na azinheira junto à capelinha da Nossa Senhora de Fátima”, revelou.
“As maiores alegrias que tive, durante todos estes anos, foram as visitas aos Aliados, à Câmara e ver 100 mil pessoas alegres e felizes por causa dos títulos do F. C. Porto. Todos nós vamos ter um funeral e uma coisa que me irrita muito nos funerais é que, cá fora, contam-se anedotas e fala-se de tudo menos da pessoa que faleceu. Isso eu não queria que acontecesse no meu, por respeito à minha família e aos meus amigos, que estarão a sofrer, porque a mim já não me fará diferença”, lembrou.
“Quando digo que há pessoas que não quero lá ver não é por lhes querer mal. É porque sei que a sua presença irá criar incómodo a quem me quis sempre bem. Por isso escrevi e peço: não quero ninguém de luto, de preto, quero toda a gente vestida de azul por três razões: é a cor do sol, do manto da Nossa Senhora e do F. C. Porto”, referiu.