Pinto da Costa e o negócio com a Ithaka: “Se não gostarem, é só devolver os 65 milhões e rescindir”
O líder da Lista A jantou, esta sexta-feira, com portistas de Penafiel e comentou a cedência de 30% dos direitos económicos da Porto Comercial à Ithaka, garantindo que os 65 milhões de euros só vão entrar nos cofres do clube já depois das eleições de dia 27, entre elogios a Jorge Costa e críticas a Zubizarreta.
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Pinto da Costa abordou as dúvidas levantadas, na véspera, por André Villas-Boas em relação ao alegado incumprimento das regras financeiras da UEFA e voltou a garantir que o F. C. Porto tem presença assegurada nas competições europeias de 2024/25.
“Já disse e quase que adivinhava essa pergunta. Para ser concreto: já recebemos a licença para participar provas europeias da próxima temporada”, garantiu o candidato da lista “Todos Pelo Porto”, antes de se referir especificamente a uma frase do principal rival, que manifestou preocupação sobre a possibilidade de virem a surgir más notícias a esse respeito.
“Não sei, não faço ideia, só se ele a estiver a preparar. Já nos inscrevemos nas provas europeias, mas eles podem estar a preparar qualquer coisa”, atirou, antes de manifestar todo o carinho por Jorge Costa, apresentado como diretor do futebol profissional da lista de Villas-Boas.
“O Jorge costa é um dos símbolos do F. C. Porto, deu tudo pelo clube, tenho uma grande estima a apreço por ele, sem qualquer dúvida. Agora se está preparado para cargos diretivos não sei. É sempre uma dúvida”, destacou, antes de comentar a frase usada pelo rival, que defendeu que o antigo capitão de equipa azul e branco nunca deveria ter deixado o F. C. Porto.
"Zubizarreta está desempregado há quatro anos"
“Jorge Costa seguiu a carreira de treinador, não estava preparado, como não está, para ser treinador do F. C. Porto. Seguiu a sua vida. Andou por Olhão, pelo estrangeiro, por Viseu. Afastou-se do F. C. Porto, interrompeu a ligação como sócio, mas no ano passado recuperou as quotas de 14 anos, por isso é sinal que quer continuar ligado ao F. C. Porto. Repito, para mim como pessoa, e atleta do passado, é uma pessoa que eu admiro muito. Mas se está preparado…”, disse Pinto da Costa, sendo muito mais duro em relação a Andoni Zubizarreta, diretor desportivo escolhido pela Lista B.
“A equipa [da outra lista] tem um candidato a presidente que tem experiência de treinador, o diretor tem experiência de jogador e diretor e o homem forte está desempregado há quatro anos, foi despedido do Barcelona e do Marselha e não foi por coisas boas”, acusou, antes de concretizar.
“Desde 15 de maio de 2020 que estava desempregado. Não entendo como um indivíduo com este currículo, que está desempregado, pode vir para o F. C. Porto num espírito de renovação. Não entendo, mas também não me compete comentar porque qualquer um escolhe os seus”, disse.
Uma dia depois de a SAD do F. C. Porto ter comunicado, oficialmente, à CMVM a venda de 30% dos direitos da Porto Comercial à Ithaka, por 65 milhões de euros, e de ter ouvido as críticas de Villas-Boas pelo facto de o negócio ter sido concretizado a 10 dias das eleições, Pinto da Costa passou ao ataque.
Academia na Maia vai ser uma realidade
“Isso acontece porque a outra candidatura só critica tudo. Como se pode reprovar um contrato que fizemos que não vai resolver problema nenhum à direção atual, porque os 65 milhões só serão pagos em junho depois de a nova Direção tomar posse? No dia 1 de julho, se acharem que o contrato não é bom, é só devolver os 65M e rescindir. Como é que se pode criticar isso?”, perguntou o líder da Lista A, antes de deixar mais uma série de questões sobre a Academia na Maia e exigir um pedido de desculpas a André Villas-Boas.
“É a mesma coisa que criticar a Academia, todos tínhamos esse sonho, vamos ter a melhor Academia portuguesa, está tudo resolvido e continua-se a criticar? É o mesmo que me criticarem por vir com gravata ou sem gravata. Se chover sou eu o culpado, se fizer sol também sou. É uma barbaridade, tudo isso são disparates. O candidato Villas-Boas, em relação à Academia, disse que era uma utopia e um chorrilho de mentiras. Se tivesse caráter, tinha pedido desculpa por me ter ofendido publicamente. Acreditar, sonhar e lutar por uma coisa é utopia? Ela vai ser uma realidade”, garantiu, antes de explicar a razão pela qual se recandidatou a mais um mandato, 42 anos depois da primeira eleição.
"Não fugi à luta"
“Não faço campanha para assegurar o lugar de presidente. Resolvi candidatar-me porque entendi que o caminho que queriam seguir era mau e não quero que, amanhã, me acusem de ter faltado à luta e não ter defendido os meus ideais, as minhas propostas e projeto. Se os sócios entenderem que querem outro [projeto] eu fico completamente de consciência tranquila, que não fugi à luta e estava preparado para levar o meu projeto até ao final do meu último mandato. Se escolherem outro, a responsabilidade nunca será minha, será de quem tomar essa opção”, defendeu, antes de manifestar com um desejo para o que resta da temporada e para a final da Taça.
“Não estou preocupado com o dia 27 [data das eleições], só estou preocupado com o dia 21, quando defrontamos o Casa Pia. Não há ninguém que chegue a uma final de uma Taça e não pense em ganhá-la. Se há dois a querê-la e ela é só uma, um vai vencer e o outro não. Estamos muito esperançados e vamos fazer tudo para a ganhar”, garantiu, deixando uma palavra de apreço à equipa de sub-19, que foi eliminada pelo AC Milan nas meias-finais da Youth League.
“Foi uma pena, uma derrota inglória. A equipa esteve muito bem e provou que há valores para o futuro. Foi uma infelicidade, mas o futebol é assim e tenho a certeza que alguns desses jogadores vão fazer a próxima pré-época com a equipa principal”, anunciou.