A RTP transmitiu, esta quarta-feira, o programa “Primeira Pessoa” com Fátima Campos Ferreira a entrevistar o presidente do F. C. Porto, que revelou ter textos escritos sobre o processo Apito Dourado, que serão publicados quando deixar a liderança dos dragões.
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A poucos dias de anunciar a recandidatura à presidência azul e branca – marcada para domingo, no Coliseu do Porto -, a entrevista de Pinto da Costa começou pelas memórias de infância do líder com mais títulos no Mundo, que revelou os dois momentos mais marcantes dos quase 42 anos que leva à frente do F. C. Porto.
“A primeira grande sensação foi a vitória da Taça dos Campeões Europeus, em 1987, já depois de termos perdido a de Basileia em 1984. Depois, tenho de destacar a inauguração do Estádio do Dragão. Foi um momento fantástico pela forma como foi conduzido o processo anti-estádio. Tenho muitos momentos bons, mas estes são os melhores”, afirmou Pinto da Costa, escolhendo como o pior o último jogo em que partilhou o banco de suplentes com José Maria Pedroto.
Questionado sobre se o processo Apito Dourado foi um desses momentos mais complicados, o presidente portista foi claro: “Não foi difícil, sabia que aquilo não tinha pernas para andar. Não podia dar nada, como não deu. Para ser detido basta eles quererem. Mas eu tinha a certeza que aquilo tinha sido tudo montado. Estou a fazer o meu texto sobre isso, mas só o vou publicar quando deixar de ser presidente do F. C. Porto. Sei que vai ter grande impacto e não quero ser nada no F. C. Porto, a não ser sócio, quando isso sair”.
Revelando que “todos os treinadores foram importantes”, Pinto da Costa garantiu que “Sérgio Conceição vai ficar para sempre”. “Foi uma opção minha contra a opinião de muitas pessoas [do F. C. Porto]. Vai ficar como um amigo para toda a vida. É mais do que um afilhado, não vou dizer que o vejo como um filho, porque seria ofensivo para o pai que ele ainda adora, mas digo que é uma espécia de irmão mais novo. Como treinador/pessoa foram Bobby Robson e José Mourinho que mais me marcaram”, explicou.
O presidente dos azuis e brancos assumiu que continua a conversar com o antigo líder do Benfica, Luís Filipe Vieira: “Tinha boas relações no início. Continuo a dar-me com Luís Filipe Vieira, que me mandou as Boas Festas no Natal. Retribui, claro. Na altura da saída do Benfica não falei com ele, porque era proibido, mas depois disse-lhe para aguentar, ter paciência e até lhe falei no Apito Dourado e disse: 'Se você tem consciência tranquila não tem problemas, se meteu o pé na argola aguente'”, revelou.
Garantindo que terão de ser terceiros a escolher o “maior legado” que vai deixar ao F. C. Porto, Pinto da Costa falou sobre a morte, recordando a altura em que foi operado ao coração.
“Estive mais para lá do que para cá. Quando fui para a operação estava convencido que não acordava mais. Mas encarei com naturalidade, não fiquei em pânico. Agora, estou preparado para morrer, mas espero que não seja aqui. Na altura da operação, deixei umas cartas escritas para os meus filhos e fiz um comunicado com a minha morte e outro em que dizia tinha corrido bem. Ao fim de 24 horas acordei, vi muitas luzes e disse ‘porra, estou vivo’. Não desejo a morte, mas esse é o fim de todos. Enquanto cá andar como uns Jesuítas, faço as minhas asneiras”, referiu.
Sobre as próximas eleições do clube, marcadas para abril, Pinto da Costa voltou a não abrir o livro, muito embora já se saiba que vai anunciar a recandidatura no próximo domingo.
“O medo de perder não me diz nada. Fico mais à rasca com elogios públicos do que com assobios ou insultos. A minha única preocupação é que o F. C. Porto ganhe. Não sou presidente por ambição, mas por missão. Não tenho tempo para pensar em eleições”, finalizou.
Refira-se ainda que, nos excertos com que a RTP promoveu o Primeira Pessoa, Pinto da Costa falava sobre André Villas-Boas, mas no programa completo o nome do antigo treinador e candidato às eleições de abril não foi referido.