Pinto da Costa: “Otávio veio ter comigo a chorar a pedir para não o prejudicar”
O presidente do F. C. Porto marcou presença no Thinking Football Summit e abordou a saída de Otávio, admitindo que o internacional português lhe pediu para aceitar a proposta do Al Nassr. Entre críticas a comentadores de futebol, o líder azul e branco deixou ainda uma sugestão à UEFA por causa dos pontos do ranking.
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Perante uma plateia cheia no Palco TSF da Super Bock Arena, com destaque para as presenças de Sérgio Conceição, Pedro Proença, Vítor Baía e António Oliveira, Pinto da Costa criticou duramente vários comentadores das televisões nacionais e até deu o exemplo da transferência de Otávio para a Arábia Saudita.
“Fizemos uma venda dos direitos de um jogador, o Otávio, para a Arábia Saudita, para o clube do Ronaldo. Podia ter saído por 40 milhões, não saiu porque eu não deixei. Não aceitei, depois, a oferta dos 60M, mas num dia em que o nosso treinador não estava por estar a ser operado, o Otávio veio ter comigo a chorar, a dizer que eu não lhe podia prejudicar a vida. Ia ganhar em três anos 45 milhões de euros, sem impostos, que eles lá não sabem o que é – nós pagamos por nós e por eles”, afirmou o líder dos dragões.
“Por causa disso que ele me disse, decidi que ia deixar sair. Um banco brasileiro tinha uma parte grande do passe, falei com o presidente do banco, que é meu amigo, e disse-lhe que tinha recebido uma proposta de 60 milhões, mas que não ia aceitar e que só ponderaria se eles baixassem a percentagem do passe que tinham. No dia seguinte ligou-me a dizer que era melhor receber 12M do que nada. Claro que um senhor da televisão, um tal Pinotes, disse que não compreendia como é que o banco tinha baixado o preço e que a Polícia Judiciária devia estar à porta do BMG. Isto é de uma desfaçatez inacreditável. Entre receber 0 e 12,5 milhões de euros não foi um grande negócio?”, questionou Pinto da Costa.
“Um outro, um António qualquer coisa, Figueiredo, disse a mesma coisa. Isto é lançar suspeição num negócio que foi o mais claro possível. Não tínhamos condições de manter o jogador naquele estado psicológico”, acrescentou.
Conceição recusou Arábia Saudita
A propósito da alegada instabilidade que se vive no F. C. Porto, Pinto da Costa rejeitou, em absoluto, a ideia e até deu o exemplo de Sérgio Conceição.
"O problema é a instabilidade mental de quem lança essas campanhas. Como não têm o que dizer, criticam um treinador que nos deu 10 títulos em sete anos com todas as condicionantes? Que mantém a equipa técnica desde o início, que recusa ir para a Arábia para onde vão todos em fila e a correr em busca dos milhões para se manter no projeto do F. C. Porto. Instabilidade só na cabeça desses senhores", defendeu Pinto da Costa.
"Se tivesse dado um beijo a uma mulher qualquer"
Já depois de o F. C. Porto ter criticado as declarações do antigo jogador do Sporting Carlos Xavier, o presidente dos dragões também não deixou passar em claro as palavras do ex-internacional português. "Hoje, um antigo jogador referiu-se ao Taremi como o 'muçulmano que não sabia nadar e agora só sabe mergulhar'. Como é que uma televisão permite isto? Se o SOS Racismo vai protestar... não sei. Se tivesse dado um beijo a uma mulher qualquer era um escândalo, de resto vale tudo", afirmou.
O líder dos azuis e brancos há 41 anos abordou, ainda, a queda de Portugal no ranking da UEFA e não deixou de apontar o dedo às regras definidas pelo organismo que gere o futebol português.
“Os clubes que vão à Liga dos Campeões têm, normalmente, uma boa prestação, com pontos que deviam dar para dar para manter o ranking. Mas uma vitória nesta Liga Confidencial, ou Conferência ou lá o que é, vale tanto como uma vitória na final da Champions, porque a UEFA decidiu assim. O Arouca não foi lá fazer nada, como admitiu o presidente, só foi lá gastar dinheiro nas viagens. Não faz sentido que uma meia-final ou final da Champions valha tantos pontos como na Liga Conferência", reiterou.
A terminar a intervenção no Thinking Football, Pinto da Costa comentou o momento atual do F. C. Porto e até utilizou uma expressão do primeiro-ministro António Costa.
"Estamos num momento bom desportivamente. Vencemos três provas na época passada, estamos na frente do campeonato, apesar de estar só no início. Vencemos dois títulos europeus - bilhar e hóquei em patins – número de sócios está a crescer, e o estádio esteve esgotado nos dois jogos em casa", começou por dizer.
"Sinto uma grande união entre todos os que trabalham em prol do F. C. Porto. Traçamos o nosso rumo, não sou um otimista irritante, como o António Costa, sou só irritante. Tenho consciência que tenho pessoas com valor suficiente", finalizou Pinto da Costa.