Na entrada de 2019, poucos dias depois de ter festejado o 81.º aniversário, o presidente do F. C. Porto, Pinto da Costa, continua em alta rotação.
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Em entrevista ao JN, abordou vários assuntos da atualidade futebolística, evitando apenas falar dos recentes desenvolvimentos do processo e-Toupeira. Abriu a porta a mais contratações no mercado de janeiro, depois de ter garantido na semana passada a do avançado Fernando Andrade, e garantiu que não haverá saídas de jogadores importantes do plantel portista até ao final deste mês. Sem dar muita importância ao recorde de vitórias consecutivas no futebol português, que os dragões estão perto de bater, assume como grande objetivo desportivo para este ano a conquista do bicampeonato, sem deixar de pensar na Liga dos Campeões. A eliminatória com a Roma não é encarada como um objetivo alcançado, mas como a porta de entrada nos quartos de final.
Fernando é apenas o primeiro reforço de inverno do F. C. Porto ou será o único?
Neste momento, é o primeiro. Nunca se sabe se poderá vir mais alguém ou não. Consideramos que temos um plantel excelente e a prova está naquilo que esse mesmo plantel tem feito. Agora, se possível, vamos melhorando e retocando o grupo, conforme as pretensões do treinador.
Foi fácil concretizar esta contratação?
O Sérgio Conceição já me tinha manifestado a vontade de podermos contratar este jogador no mercado de janeiro e eu aproveitei a recente ida aos Açores para o jogo com o Santa Clara para falar com o presidente. As coisas ficaram alinhavadas e depois do Natal falámos com o jogador. Rapidamente se concretizou. Ele estava em Lisboa na quinta-feira passada e na sexta parece que teve outros contactos. Connosco teve uma atitude excelente e manteve a palavra. Conforme o que estava combinado, veio almoçar com os nossos dirigentes, entre os quais Luís Gonçalves, e assinou o contrato como tinha prometido.
O Benfica também esteve interessado no jogador?
Sim, sim. Os jornais disseram-no e posso afirmar que ele esteve no Estádio da Luz na passada sexta-feira, levado pelo senhor José Luís [ex-diretor desportivo do Aves], que estranhamente parece que trabalha no Olhanense. O Fernando já nos tinha dado a palavra e nós também já tínhamos chegado a acordo com o Santa Clara, mas ele foi à Luz porque tinha prometido ir, o que mostra que é realmente um jogador de palavra.
A porta de saída do Dragão está fechada nesta reabertura do mercado, mesmo que surja uma proposta louca por Éder Militão, por exemplo?
Já disse que o Éder Militão não sai e não há propostas malucas. Neste momento, os jogadores que sejam essenciais para a concretização dos nossos objetivos não saem.
Em relação às renovações dos contratos de Herrera e de Brahimi, que terminam no final desta época, houve algum avanço nas últimas semanas?
É um assunto que já foi falado 200 vezes. Só os jogadores é que podem decidir se vão continuar ou não. Eles têm as propostas que nós podemos dar e também têm o direito de optar por outros clubes, como aconteceu no ano passado com o Reyes e com o Marcano. Eles saíram e, felizmente, o F. C. Porto continua a vencer. No caso do Marcano, que é um excelente jogador e um excelente profissional, as coisas não lhe têm corrido bem [na Roma], o que nós lamentamos, mas é a vida.
O F. C. Porto vai numa série de 16 vitórias consecutivas, novo máximo do clube, e está perto de bater um recorde no futebol português. Isso tem algum significado?
Não ligo nada a isso e estou totalmente de acordo com o Sérgio Conceição, quando ele diz que ninguém vai para os Aliados por causa de recordes. Os recordes dão para encher jornais. Agora, há uma coisa importante: vencer esses jogos, batendo os recordes, facilita e ajuda a que consigamos ficar mais perto do nosso grande objetivo, que é ganhar o campeonato. Isso é óbvio. Se batermos os recordes e em vez de 16 ganharmos 40 jogos seguidos, de certeza que festejaremos não o facto de os ganharmos, mas o facto de conquistarmos o bicampeonato.
Fez 81 anos na passada sexta-feira. Gostava de ter alguma prenda especial para este novo ano de 2019?
Não. Quero ter uma vida normal e que os meus inimigos me continuem a atacar e a difamar. É sinal de que tenho saúde. Normalmente, quando as pessoas estão doentes, às vezes até sem saberem, começa a dizer-se: "Afinal, ele é bom tipo". Espero que demore muitos anos até aqueles que me atacam venham dizer que eu afinal sou boa pessoa. É sinal de que tenho saúde e que vou poder continuar a cumprir a minha obrigação.
Já tomou alguma decisão quando a uma eventual recandidatura à presidência do F. C. Porto no final do atual mandato, em 2020?
Tenho sempre muitas decisões para tomar, como ainda na semana passada a da contratação do Fernando. Em 2019, vou ter milhentas decisões para tomar. Como é que eu posso estar a pensar ou a preocupar-me com uma decisão que tenho de tomar em maio de 2020? Eu gostava imenso de estar preocupado com isso, porque era sinal de que não tinha qualquer outra preocupação, mas como infelizmente, ou felizmente, tenho, não estou nada preocupado com o que vai acontecer em 2020.
O F. C. Porto está nos oitavos de final da Champions, depois de uma campanha muito boa na fase de grupos. Acredita que esta equipa pode eliminar a Roma?Acho que sim. Não é fácil, mas penso que será uma eliminatória de 50% para cada lado. Quem tiver uma noite de inspiração, coletiva ou até individual, vai passar. Nós há dois anos passámos a Roma. É uma equipa forte, se calhar agora é mais forte do que era na altura, mas não vamos encarar esta eliminatória como um objetivo alcançado. Vamos encará-la como o passaporte para os quartos de final. É essa a nossa determinação. Agora, se vamos conseguir ou não, não se sabe. Penso que nos oitavos de final, quando ficam na prova as 16 melhores equipas da Europa, não há jogo nenhum que não tenha 50% de hipóteses para cada lado.
Tem algum sonho nesta Liga dos Campeões?
Para já, queremos eliminar a Roma. Depois, logo se vê.
Quatro pontos de avanço sobre o segundo classificado nesta altura do campeonato são significativos? Nos últimos dias, houve jogadores do Benfica que disseram em entrevistas que quatro pontos não são nada...
Não são nada, não. São quatro pontos. É melhor estar quatro pontos à frente do que quatro pontos atrás, mas a nossa equipa, quando entra em campo, não está a pensar se tem um, três ou quatro pontos de vantagem. Está a pensar é em conquistar os três pontos que estão em disputa. Jogo a jogo, foi esse espírito e essa mentalidade que fizeram com que neste momento tivéssemos ganho estes 16 jogos seguidos.
Não fiquei surpreendido com resultado do Benfica-Braga
O Benfica parece ter recuperado de uma crise de resultados e também tem ganho no campeonato. Ficou surpreendido com o resultado do Benfica-Braga?
Não fiquei muito. Nos últimos anos, a única vez que o Benfica perdeu com o Braga, e até aconteceu em dois jogos na mesma época, foi quando o Sérgio Conceição era treinador do Braga. Não fiquei surpreendido.
Como encarou a decisão da juíza Ana Peres de não levar a SAD do Benfica a tribunal no processo e-Toupeira, contrariamente ao que vai acontecer com Paulo Gonçalves?
Isso não comento. São assuntos da justiça, que não têm nada a ver comigo.
Na semana passada, o Benfica acusou indiretamente o F. C. Porto de estar por trás daquele incidente com um autocarro de adeptos do clube da Luz, do qual resultou um ferido grave. Como interpreta esta acusação?
O que espero é que o Benfica não nos acuse de estarmos por trás da morte daquele adepto italiano às portas do Estádio da Luz e daquele no Jamor com um very-light. Se dissessem que nós estamos por trás disso é que eu ficaria preocupado. Já sabemos que isto são manobras de diversão, para desviar as atenções de outros assuntos. Para mim, são "fait-divers" que nem vale a pena comentar.
Acredita que algum dia o Benfica será punido pela justiça desportiva no caso das claques que não estão legalizadas?
Não sei. O Benfica já foi punido com jogos à porta fechada e não os cumpriu. Não acredito que venha a cumprir.
Que comentário lhe merecem as constantes críticas do clube da Luz às arbitragens?
Isso é uma idiotice e não falo de idiotices. Deixo isso para os dois Pedros Henriques.
Continua a achar que o VAR é uma ferramenta útil para o futebol?
Toda a gente acha que sim. A prova disso é que cada vez há mais países a aderir ao VAR e a própria UEFA decidiu que, a partir dos oitavos de final, vai haver VAR na Champions. É sinal de que é uma ferramenta que ajuda à verdade desportiva.
Mas concorda que tem havido erros?
Onde é que não há erros? Conhece alguma atividade em que não haja erros? É natural que haja erros em todas as atividades. Nos jornais também há e nos clubes também há.