O presidente e candidato à liderança dos dragões esteve, esta quarta-feira, na Escola Secundária de Rio Tinto, Gondomar, para uma sessão de esclarecimento com sócios e adeptos, revelando que um grupo de árabes queria comprar 20% da SAD e manifestando confiança na continuidade de Sérgio Conceição.
Corpo do artigo
“Sou candidato porquê? Porque é maluco, pensarão muitos de vocês. Ponderei bem se havia de me candidatar ou não e a minha família fazia força para que não me candidatasse. ‘Sais em grande, já fizeste tudo, assim e assado’. Não foi para isso que entrei no F. C. Porto, desde que entrei fomos campeões europeus vários vezes, inaugurámos o estádio e o museu e podia ter saído em grande, mas essa nunca foi a minha preocupação. Só tenho uma: servir o F. C. Porto”, afirmou.
Depois de recordar a história da decisão de avançar, pela primeira vez, em 1982 – “a minha mãe disse-me que era o meu destino, aquilo ficou a martelar-me na cabeça e decidi cumprir o meu destino” -, Pinto da Costa explicou a razão pela qual decidiu avançar para as eleições de 27 de abril.
“Reconheço que, para mim, era mais fácil sair, mas quando comecei a ver os movimentos de quem estava por trás de qualquer outra candidatura, sabia quem eram os mentores, mudei de ideias. Por trás estava a NOS, à procura de recuperar o contrato [de patrocínio] que tinha perdido – ofereceram 320 milhões de euros e a MEO oferecia 450M€. Se aceitasse estava a roubar o clube”, começou por explicar, antes de denunciar uma alegada tentativa de compra de parte do capital social da SAD.
“Quando percebi que podia aparecer um grupo de árabes para comprar 20% do F. C. Porto, como fizeram em Braga, e a isso iam juntar as ações do Joaquim Oliveira. Não podia permitir que o F. C. Porto fosse vendido. Agora temos 74% da SAD, bem mais do que quando foi constituída. A minha filha ficou muito contrariada, disse que punha o F. C. Porto à frente da família”, acrescentou.
Pedindo aos adeptos para que não se entre em “insultos”, o candidato apontou o dedo a André Villas-Boas, deixando a entender que a vontade do outro candidato em fazer a Academia no Olival, Vila Nova de Gaia, tem interesses imobiliários escondidos.
“Não vou insultar ninguém. Vou lutar para que seja dos sócios, que faça negócios importantes e não vou permitir que tentem boicotar, por inveja, o complexo da Maia, que será o melhor da Europa. Já foi aprovado em reunião da Câmara, vai a hasta pública, parte [dos terrenos] já é do F. C. Porto e lutaremos que a Academia seja lá, uma dúzia de campos relvados, hotel com 70 quartos e balneário para 500 atletas. Não vou permitir que façam o jeito a amigos que têm terrenos encravados”, acusou, antes de responder ao antigo treinador dos dragões que, esta quarta-feira, afirmou que o atual presidente está desgastado.
“O candidato Villas-Boas disse que eu estava cansado, gasto, que esta é uma candidatura para sair e fazer dos meus vice-presidentes presidentes. Ainda falo sem precisar que me digam o que dizer. E enquanto Deus me der vida não me importo de lutar sempre pelo F. C. Porto e se tiver de morrer durante o mandato isso para mim não será problema. Conquistámos 2566 títulos e é isso que me preocupa. Hoje, no Museu, não vi ninguém à procura dos capitais próprios positivos ou negativos”, lembrou.
D. Américo Aguiar no Conselho Superior
Já durante a fase de perguntas e respostas com os sócios, Fernando Cerqueira, presidente da Comissão de Recandidatura de Pinto da Costa revelou que D. Américo Aguiar, Bispo de Setúbal, fará parte do futuro Conselho Superior, o que motivou uma reação bem humorada de Pinto da Costa – “O Bispo anda sempre atrás do Papa”, arrancando gargalhadas do auditório.
“Convencido que Sérgio Conceição vai continuar”
Questionado por um sócio se podia garantir que Sérgio Conceição será o treinador da equipa principal na próxima época, o candidato da lista “Todos pelo Porto” não deu qualquer garantia, mas: “Se for eleito, estou convencido que Sérgio Conceição continuará a ser treinador do F. C. Porto”, revelou.
Em relação ao roubo das faixas dos Super Dragões e do Coletivo do museu do clube, Pinto da Costa esclareceu o que aconteceu no dia seguinte à goleada (5-0) sobre o Benfica, a contar para o campeonato.
"Não me recuso a falar de nada. Quando eu não souber responder, digo que não sei. Membros da claque do Hadjuk Split, com ligação aos No Name Boys, entraram no museu, pagaram bilhete e aproveitaram um momento em que não estava ninguém e roubaram as faixas. Imediatamente foi levantado inquérito, vimos as imagens, as pessoas foram identificadas e apresentámos queixa na Polícia. Foi algo que nos desgostou a todos. Não pode acontecer, mas também já vimos roubarem grandes museus com muita segurança. Estamos a tomar medidas para que tal não volte a acontecer. Reforçámos as câmaras e a segurança. Agora, estamos à espera que a polícia faça o seu trabalho. Tenho de deixar uma palavra aos Super Dragões e ao Coletivo", respondeu o candidato.