Platini admite ter recebido 1,8 milhões de Blatter num "acordo de cavalheiros"
O presidente da UEFA, Michel Platini, admitiu que a verba de 1,8 milhões de euros que recebeu do presidente da FIFA, Joseph Blatter, se baseia num "acordo de cavalheiros" e não num contrato escrito.
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Numa entrevista ao jornal francês "Le Monde", Platini, suspenso pelo Comité de Ética da FIFA por 90 dias, refere que "na legislação suíça um contrato verbal tem o mesmo valor de um contrato escrito".
Platini disse ao jornal que o acordo foi feito em Singapura em 1998, quando Blatter, que também se encontra suspenso por 90 dias, lhe propôs que fosse seu conselheiro de futebol e lhe perguntou quanto queria ganhar.
"Disse a Blatter: 'um milhão do que quiseres'. Era o mesmo que dizer-lhe 'paga-me o que quiseres", explicou Platini, acrescentando que Blatter lhe disse que, em francos suíços, esse valor triplicava o salário do secretário-geral da FIFA, pelo que deveria baixá-lo.
O presidente da UEFA terá então proposto receber uma verba anual de 300 mil francos suíços (cerca de 277 mil euros) e a liquidação, mais tarde, de uma verba que considerassem adequada. "Só que esse 'mais tarde' nunca chegou" assegurou Platini, reiterando que é uma pessoa de bem que não pensa em dinheiro.
Platini, que preside à UEFA desde 2007, garantiu que a troco dessa remuneração reformou o calendário mundial de competições, desenvolveu um projeto para apoiar as federações mais pobres e acompanhou Blatter em muitas viagens.
"Trabalhei muito e há muitas pessoas que podem comprovar isso", acrescentou Platini, não descartando a hipótese de Blatter ter filtrado informação sobre o caso para o prejudicar. Na sexta-feira, Joseph Blatter afirmou que o pagamento de 1,8 milhões de euros a Michel Platini "foi um acordo de cavalheiros".
Na entrevista ao "Le Monde", Platini considera ser o único que pode fazer "com que a FIFA volte a ser a casa do futebol".
Platini foi suspenso por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA a 8 de outubro, tal como o presidente e o secretário-geral do organismo regulador do futebol mundial, o suíço Joseph Blatter e o francês Jérôme Valcke, respetivamente, por implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.
O Comité de Ética da FIFA suspendeu por seis anos o sul-coreano Chung Mong-Joon, que, tal como Platini, tinha manifestado intenção de se candidatar à presidência da FIFA.