Portugal até esteve a vencer, mas continua a cometer muitos erros e só se salvou da eliminação precoce nos descontos
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Um golo de Varela, no último minuto das compensações, deu a Portugal o empate (2-2) diante dos Estados Unidos da América e a possibilidade de continuar a sonhar com a qualificação. Mas não esconde uma atuação demasiado fraca da equipa das quinas.
Portugal entrou para o jogo com os Estados Unidos da América dono do destino. O empate, na véspera, entre a Alemanha e o Gana, abriu essa janela de oportunidade e a verdade é que a equipa das quinas começou a partida na Arena Amazonas, em Manaus, mostrando que queria caminhar pelo próprio pé até aos oitavos de final.
O golo de Nani, logo aos cinco minutos, sublinhou esse desejo, num lance em que o extremo do Manchester United aproveitou um ressalto de bola para colocar Portugal em vantagem.
A partida parecia correr de feição à equipa das quinas, só que Postiga lesionou-se pouco depois e Paulo Bento foi obrigado a queimar a primeira substituição. Adormecida pela vantagem no marcador e pelo maldito calor que se faz sentir em Manaus, a seleção portuguesa foi perdendo fôlego e deixando crescer os norte-americanos.
É verdade que Portugal se apresentou na partida sem três dos habituais titulares (Rui Patrício, Pepe e Coentrão), além de Hugo Almeida, mas também não é mentira que, mesmo assim, tem a obrigação de ser superior ao conjunto dirigido por Juergen Klinsmann. Só que há outros internacionais portugueses que não se encontram num bom momento de forma. A começar por Ronaldo. Mas não é justo responsabilizar o Bola de Ouro pelo valente tropeção da equipa. Se a seleção está no Mundial, deve-o ao craque do Real Madrid, que a levou às costas no "play-off" com a Suécia. Mas a verdade é que sem essa genialidade de CR7, Portugal torna-se num conjunto mediano, até porque Meireles e Moutinho, dois tradicionais operários, também estão muito aquém do que habitualmente rendem.
Por isso, não surpreendeu que, na segunda metade, os EUA dessem a volta ao marcador, lançados por um belo golo de Jones, a que sucedeu uma oportuna barrigada de Dempsey. Aos 81 minutos, com 2-1 no marcador, os norte-americanos tinham lugar marcado nos oitavos de final e os portugueses podiam preparar a mala, antes de jogar, em Brasília, com o Gana, duelo que serviria apenas para cumprir calendário.
E foi assim, perante esse cenário de afastamento precoce da equipa das quinas, que o embate caminhou para o final. Portugal continuava a jogar sem cabeça, sem pernas e sem alma. Era quase um farrapo em campo. Só que, no último dos cinco minutos de compensações, a chama da esperança na qualificação reacendeu-se. Ronaldo fez um daqueles cruzamentos de autor e Varela cabeceou como se de um matador se tratasse.
O empate põe Portugal a sonhar e a fazer (muitas) contas, receando um arranjinho na forma de empate, na última jornada, desfecho que apura Alemanha e Estados Unidos da América, dos amigos Low e Klinsmann. Mas não consegue esconder as inúmeras debilidades de uma equipa que tem uma diferença negativa de cinco golos para resolver.
A cabeçada de Varela foi uma espécie de milagre que recolocou Portugal na corrida à qualificação. No entanto, a pobreza exibicional é tanta que será extraordinariamente difícil deixar de fazer a mala no final da fase de grupos. Ninguém acredita que se consiga construir em três dias o que não foi feito num mês.