Roberto Martínez recorre ao famoso “espalha-brasas” e faz jackpot nas compensações com golo de Francisco Conceição. Lukas Provod marca e obriga Portugal a escalar uma montanha.
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Esta é daquelas crónicas que tem, forçosamente, de começar pelo fim. O que terá passado pela cabeça de Roberto Martínez para, aos 90 minutos, fazer três substituições de uma assentada (Nélson Semedo, Pedro Neto e Francisco Conceição)? A opção é arriscada, contranatura no que ensinam nos cursos aos treinadores, e deixa espaço à crítica. Afinal, porque não mexeu mais cedo? Portugal deixou sempre a ideia que precisava de mais velocidade, mais rasgo, mais tudo, mas Martínez foi sempre cauteloso e quis inovar ou “inventar” até na opção inicial de Nuno Mendes como central à esquerda. Agora, esqueçam tudo o que foi dito, pois Portugal entrou com o pé direito no Europeu, com uma vitória a ferros sentenciada com um golo de Francisco Conceição, o “espalha-brasas”, a passe de Pedro Neto. Foi assim o jackpot de Martínez sobre uma República Checa sempre muito bem organizada e solidária, que apenas foi traída pela infelicidade de Robin Hranac, que marcou na própria baliza e fez uma “assistência” para o golo da reviravolta e loucura lusitana.
Roberto Martínez tentou colar o epíteto de “Apaixonados” aos 26 que estão na Alemanha, mas, para já, “Incansáveis” encaixa melhor. Portugal não fez um grande jogo, pareceu cansado e desligado em muitos momentos. Faltou frescura a unidades nucleares como Bruno Fernandes e Bernardo Silva, este muito colado à linha e sem bascular, tendo surgido Vitinha, o melhor em campo, a assumir as rédeas.
Espremida a primeira parte, a seleção já goleava nos cantos (acabou 13-0), mas faltava assertividade, por exemplo, a Rafael Leão, que deixou escapar uma boa chance para marcar. CR7 também testou Stanek, mas sentia-se que era preciso um golpe de asa.
Na segunda metade, um filme já visto em muitas ocasiões, com a equipa dominante a ser surpreendida, neste caso, com um grande golo de Lukas Provod, num lance onde a passividade da defesa das quinas foi gritante.
Havia agora uma montanha para escalar e Portugal foi atrás da felicidade, que dá muito trabalho. Nuno Mendes cabeceou, em esforço, e Stanek defendeu a bola contra as pernas do pobre Hranac, que fez autogolo. Na busca da vitória, abriram-se espaços e Soucek ameaçou o 1-2. Num final frenético, Diogo Jota fez, de cabeça, o 2-1, mas o lance foi invalidado por fora de jogo de Cristiano Ronaldo. Anticlímax! Mas lá está, o melhor estava guardado para o fim, com Pedro Neto a cruzar para Francisco Conceição deixar o estádio a arder. Ou não fosse ele um “espalha-brasas”.