Moreirense, Vitória de Setúbal, Benfica e Braga. Os quatro finalistas da versão 2016/17 da Taça da Liga chegaram ao Algarve sem saber, exatamente, quanto é que a presença na "final four" iria render, independentemente de serem ou não finalistas ou até vencedores.
Corpo do artigo
Isto porque, como estipula o Anexo III do Regulamento das Competições, dedicado à Taça da Liga, o valor global dos prémios é fixado anualmente pela Liga, em função das receitas provenientes dos direitos de exploração comercial e publicitária da competição e "do montante correspondente a 30% das receitas (...) dos direitos de transmissão televisiva". A este valor ainda há que deduzir uma percentagem de 10%, que reverte diretamente para o fundo da competição.
Os regulamentos estabelecem ainda as percentagens de distribuição das receitas: 20% para a primeira fase, 25% para a segunda, 32,5% para a terceira, 13,5% para a meia-final e 9% para a final. Só que, no caso das duas últimas, só com todas as contas feitas - direitos de transmissão televisiva e bilhética incluídos - será possível perceber o valor a atribuir.
Ao que o JN apurou, mesmo os clubes que participaram na terceira fase da prova não sabem ainda ao certo quanto vão receber por isso. Quanto aos montantes relativos aos prémios de participação nas primeira e segunda fases, já foram pagos, tendo variado entre os 10 e os 20 mil euros, consoante os direitos televisivos e o resultado desportivo obtido.
Importa, por isso, recordar um dos objetivos que nortearam a criação da prova: a possibilidade de gerar receitas adicionais para os clubes, especialmente os mais pequenos. As primeiras edições foram um bom retrato dessa intenção: logo na primeira campanha, por exemplo, o Vitória de Setúbal, vencedor improvável, levou para casa 600 mil euros. E o bolo ainda haveria de melhorar nas temporadas que se seguiram. Na edição 2011/12, por exemplo, a equipa a conquistar o troféu tinha direito a levar para casa um milhão de euros.
Só que, já com Luís Duque como presidente do organismo, as grandes dificuldades financeiras da Liga - herdadas da presidência de Mário Figueiredo - mudaram o paradigma, com os três grandes a passarem a abdicar dos respetivos prémios, em prol do fundo de maneio para a organização das competições. Agora, com o lucro de 2,8 milhões de euros, registado no último exercício, as receitas voltarão a reverter em 90% para os clubes. Em quanto é que isto de traduz? É esperar para ver.
Inglaterra e França são exceções
Um olhar em redor dirigido aos principais campeonatos europeus ajuda a perceber as dificuldades que pode enfrentar uma prova como a Taça da Liga - dificuldades essas que, no limite, podem mesmo traduzir-se na extinção. O futebol do Velho Continente está cheio de exemplos que legitimam esta teoria.
Vejamos. Podemos começar aqui ao lado, em Espanha, para perceber que a tentativa de criar uma prova assim durou apenas quatro anos: entre 1982 e 1986. Na Alemanha, durou um pouco mais, mas não mais de uma década - viu a luz do dia em 1997 e desapareceu na sombra dez anos depois, em 2007. Já em Itália, a Taça da Liga nunca passou de um projeto por concretizar.
Mas também há casos de histórias de longevidade. Veja-se o exemplo do futebol francês: a prova foi criada em 1994/95 e, mais de duas décadas depois, ainda resiste. Certo é que está longe de chegar aos calcanhares da popularidade da rainha das taças da Liga: a inglesa, claro está. Os mais de 100 anos de história quase bastariam para legitimar a teoria, mas há mais fatores que ajudam a explicar. Basta ver que o vencedor da competição recebe qualquer coisa como 1,8 milhões de libras - o equivalente a mais de dois milhões de euros.