Um professor de Filosofia reformado defendeu publicamente, terça-feira, as mendigas que estavam a ser humilhadas pelos adeptos do PSV Eindhoven na Plaza Mayor de Madrid, em Espanha.
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"Isto não se faz", disse aos holandeses, antes de depositar ele mesmo uma moeda na mão de cada uma das mulheres
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"Estavam a degradá-las, a desumanizá-las, a tratá-las como animais", afirmou esta quarta-feira o professor reformado ao diário "ABC", pedindo, no entanto, o anonimato, uma vez que não queria publicidade à conta deste caso. "Não quero que as pessoas pensem que tomei a posição que tomei, por ensinar ética. Simplesmente, há coisas que todos os seres humanos têm de fazer", justificou.
O homem conta que chegou à Plaza Mayor e presenciou a cena, em que vários adeptos do PSV, enquanto bebiam latas e latas de cerveja, lançavam moedas de cêntimo para o chão, que as pedintes corriam a apanhar. "Nem sabia de que clube eram adeptos, mas era inadmissível o que estavam a fazer", disse.
E conta que, além de atirarem as moedas para o chão, ainda ordenavam às mulheres que fizessem flexões, a troco de mais moedas. E, de cada vez que uma das pedintes agarrava uma moeda, os holandeses gritavam "olé".
Sentindo-se invadido por uma indignação crescente, aproximou-se, de dedo em riste, do grupo de holandeses e repetiu várias vezes "Isso não se faz, isso não se faz!". Seguidamente, abeirou-se das mulheres e entregou a cada uma moeda na mão.
Este episódio originou várias reações políticas e de organizações anti racismo. A embaixada holandesa em Madrid emitiu um comunicado onde "lamenta profundamente" os atos protagonizados "por um pequeno grupo de adeptos do PSV" e demarcara-se "categoricamente" deste tipo de comportamentos.
No final do jogo Atlético de Madrid-PSV, que os espanhóis venceram nos penáltis (8-7), assegurando a passagem aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, sete adeptos holandeses foram detidos por se envolverem em distúrbios.