Ciclistas confessam que em determinadas alturas sentem uma dor extrema, falta de ar e até pouca clareza de raciocínio.
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Sofrimento é palavra obrigatória no léxico do ciclismo, e aplicada inúmeras vezes para descrever o esforço dos atletas durante as etapas, que não raras vezes supera os limites do corpo.
"Sentimos as pernas a queimar, o ar a não entrar nos pulmões e um desconforto constante que até nos tira o raciocínio. É um frequente passar dos limites", descreveu, ao JN, Luís Mendonça (Glassdrive-Q8-Anicolor). Nesses momentos, por vezes, turvos, o atual camisola amarela deste Grande Prémio Douro Internacional vai buscar forças a pensar na família e no esforço feito pelos companheiros, e tem um mote para cada etapa "se não deixar tudo na estrada, no fim só resta o arrependimento".
Luís Mendonça lembra que luta por um objetivo classificativo, no seu caso a camisola amarela, fazendo com que "o psicológico se sobreponha ao físico, uma virtude que se apreende com a experiência".
"Com os anos que levo no ciclismo, sei quando tenho de abrandar para evitar o apagão. Quando se é jovem, por vezes, não sabemos ler tão bem os sinais do corpo. Mas continua a doer muito quando vamos em esforço", detalhou César Fonte, corredor, de 36 anos, da RP-Paredes-Boavista, lembrando que a preparação do corpo feita ao longo do ano é feita consoante as provas.
Com apenas 21 anos, Alexandre Montez (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car) confessa que ainda está a aprender esses limites, mas aponta que o final da etapa "é sempre o melhor momento" do dia. "É sinal que vamos para o hotel, receber massagens, relaxar, alimentarmo-nos e preparar a batalha do dia seguinte".